Roma, 27 nov (RV) – O Pontifício Conselho para a Cultura organizou, ontem à
tarde, em Roma, um Congresso que teve como tema: “A ciência, 400 anos depois de Galileu
Galilei: o valor e a complexidade ética da pesquisa tecno-científica contemporânea”.
O
encontro foi promovido em parceria com a Finmeccanica - Grupo industrial italiano
que atua no setor de alta tecnologia em Espaço aéreo, Defesa e Segurança.
Os
trabalhos foram inaugurados pelo cardeal Secretário de Estado, Tarcisio Bertone. A
seguir, houve uma série de conferências, que contou com a participação do padre George
Coyne, jesuíta, diretor emérito do Observatório Vaticano, e do presidente do Pontifício
Conselho para a Cultura, Dom Gianfranco Ravasi.
Em seu pronunciamento, o Cardeal
Bertone afirmou que “no passado, alguns homens da Igreja cometeram erros em relação
a Galileu Galilei, devido à mentalidade da época. Entretanto, o grande cientista italiano
foi um homem de profunda fé cristã”.
O Secretário de Estado acrescentou: “O
pensamento volta, mais uma vez, a Galileu Galilei. Nos últimos anos, houve descobertas
que preencheram as lacunas de eclesiásticos e deram maior destaque à rica personalidade
deste cientista. Ele, com seu telescópio astronômico, chegou à conclusão de que a
Terra não era o centro de todos os movimentos celestes”.
O cardeal Bertone
concluiu, dizendo: “O que deveria ser colocado em evidência, hoje, é que Galileu,
homem de ciência, também cultivou com amor sua fé e suas profundas convicções religiosas.
Este homem de fé via a natureza como um livro, cujo autor era Deus”.
Por outro
lado, “o processo da Inquisição contra Galileu foi concluído efetivamente com uma
sentença de condenação, que nunca foi assinada pelo Papa e sobre a qual houve um grave
desacordo entre os Cardeais”, disse, por sua vez, o arcebispo Gianfranco Ravasi, que
acrescentou: Por isso, o Vaticano pretende voltar a publicar as atas do processo de
Galileu Galilei para "refrescar a memória" daqueles que criticam a Igreja sobre o
caso, uma vez que ele "nunca foi condenado".
Neste sentido, disse o arcebispo,
“o envolvimento da Igreja e da reflexão teológica estará ao centro do tema da evolução
biológica”, que voltará, no próximo ano, por ocasião do segundo centenário de nascimento
de Darwin e os 150 anos da “Origem das espécies”.
Por isso, o Pontifício Conselho
para a Cultura patrocinará, em março de 2009, um encontro que unirá “a voz da ciência
com as vozes da filosofia e da teologia, cada uma com a sua dignidade e linguagem”.
(MT)