ANUNCIAR CRISTO ATRAVÉS DA BELEZA: REFLEXÃO DO ARCEBISPO GIANFRANCO RAVASI
Cidade do Vaticano, 26 nov (RV) - A mensagem desta terça-feira de Bento XVI
ao presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, o arcebispo Gianfranco Ravasi,
por ocasião da XIII reunião plenária das sete Pontifícias Academias, convida a “um
novo humanismo cristão que saiba percorrer o caminho da autêntica beleza.” O papa
também faz votos de “um renovado diálogo entre estética e ética, entre beleza, verdade
e bondade”, conceitos sobre os quais reflete o próprio presidente do referido organismo
vaticano, Dom Ravasi, entrevistado pela nossa emissora:
Dom Gianfranco Ravasi:-
“Encontramos ao menos dois estímulos que quase podem ser acolhidos entre as muitas
sugestões que essa mensagem traz. De um lado, o voltar mais uma vez a considerar a
beleza como um grande caminho de conhecimento: a beleza é irmã da verdade e não está
separada como alguns sistemas de pensamento acreditavam. E justamente porque é busca
que tende ao infinito se torna também busca do transcendente. O artista busca comprimir
o infinito e o eterno no caráter frio de uma obra ou de uma poesia de poucos versos.
Portanto, esse é um verdadeiro caminho para tentar reencontrar a verdade suprema,
para nos aproximar o mais possível do mistério.” Por outro lado, o estímulo ulterior
é, ao invés, de ordem mais concreta: tentar restabelecer ainda o diálogo fecundo também
com a arte contemporânea, com os horizontes atuais nos quais infelizmente não há mais
a busca de duas características fundamentais da arte: a beleza e a mensagem. A arte
de hoje se torna simplesmente uma espécie de epifania do real enquanto tal. Eis, ao
invés, o desejo: entender se ainda é possível estabelecer uma comunhão entre fé e
arte. Também a arte poderia mediante os grandes símbolos das religiões, mediante as
grandes narrações, mediante as grandes figuras, mediante as grandes perguntas, reencontrar
ainda a possibilidade de conjugar beleza e significado.”
P. A seu ver, qual
esforço a arte deve fazer para restabelecer esse diálogo, e qual esforço, talvez,
deve fazer a Igreja?
Dom Gianfranco Ravasi:- “A Igreja deve, sobretudo,
buscar compreender que a arte contemporânea tem uma sua gramática, tem uma sua sintaxe
e uma sua estilística, isto é, tem um modo seu novo de expressar-se. A arte, a cultura
em geral, deve conseguir reencontrar mais uma vez, na espécie de deserto que é a sociedade
contemporânea, esses grandes sinais, essas grandes idéias, que inquietam, mas também
enriquecem imensamente o conhecimento do homem.” (RL)