2008-11-20 14:25:35

Que os mosteiros sejam um "oásis espiritual", onde se possa "aprender a viver como verdadeiro discípulo de Cristo, em serena e perseverante comunhão fraterna": Bento XVI à Assembleia Plenária da Congregação para a Vida Consagrada


(20/11/2008) “O essencial” da vida cristã consiste em “procurar Cristo e nada antepor ao seu amor”. Dirigindo-se nesta quinta-feira à assembleia plenária da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada, Bento XVI recordou a máxima da Regra de São Bento (que vem já da tradição precedente) - “Nada colocar, absolutamente, à frente de Cristo”, sublinhando que “o monaquismo pode constituir para todas as formas de vida religiosa e de consagração uma memória do que é essencial e tem o primado em toda e qualquer vida baptismal”.

Esta “Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica” foi criada em 1908 pelo Papa São Pio X, e vai justamente celebrar neste sábado um Encontro tendo como título significativo “Cem anos ao serviço da vida consagrada”. O Papa congratulou-se com estes dois factos e quis agradecer e dar graças a Deus por todos os que ao longo deste século gastaram as suas energias em benefício das pessoas consagradas, procurando (disse), “com competência e sapiência, promover e regulamentar a prática dos conselhos evangélicos nas várias formas de vida consagrada”.

A Assembleia Plenária deste Dicastério da Cúria Romana dedicou este ano a sua atenção a um tema “particularmente caro” a Bento XVI, isto é, “o monaquismo, forma vitae que sempre se inspirou na Igreja nascente, gerada a partir do Pentecostes”. O Papa recordou que, ainda recentemente, em Setembro passado, em Paris, dirigindo-se ao mundo da cultura, quis “evidenciar a exemplaridade da vida monástica na história”, sublinhando que o seu objectivo era “ao mesmo tempo simples e essencial”:

Quaerere Deum, procurar a Deus, e procurá-lo através de Jesus Cristo que O revelou, procurando fixar o olhar sobre as realidades invisíveis que são eternas, aguardando a manifestação gloriosa do Salvador”.

Foi neste contexto que Bento XVI evocou a fórmula da Regra beneditina, já anteriormente expressa por Santo Agostinho e por São Cipriano) - “não antepor absolutamente nada a Cristo” – expressão que bem indica “o precioso tesouro da vida monástica até hoje praticada tanto no Ocidente como no Oriente cristão”.

“Em virtude do primado absoluto reservado a Cristo, os mosteiros são chamados a ser lugares em que se dá espaço à celebração da glória de Deus, se adora e se canta a misteriosa mas real presença divina no mundo, se procura viver o mandamento novo do amor e do serviço recíproco, preparando assim a manifestação (final) dos filhos de Deus”.
Evocando a recente celebração da assembleia do Sínodo dos Bispos sobre “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”, o Papa sublinhou que “o desejo de Deus e o amor pela Palavra se alimentam reciprocamente e geram na vida monástica a exigência irreprimível do opus Dei, do studium orationis e da lectio divina, que é escuta da Palavra de Deus, acompanhada das grandes vozes da tradição dos Padres e dos Santos, e depois oração orientada e mantida por esta Palavra”.

A concluir, Bento XVI sublinhou que “quem entra num mosteiro procura ali um oásis espiritual onde possa aprender a viver como verdadeiro discípulo de Jesus, numa comunhão fraterna serena e perseverante”. Tal é “o testemunho que a Igreja pede ao monaquismo, tanto neste nosso tempo”. O Papa formulou portanto um desejo e uma esperança:

“Possam os mosteiros ser sempre cada vez mais oásis de vida ascética, onde se adverte o fascínio da união esponsal com Cristo e onde a opção pelo Absoluto de Deus se encontra envolvida por um clima constante de oração e de contemplação”.








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