CARD. KASPER: "COM O MOVIMENTO ECUMÊNICO, SE TRABALHA EM PROL DA PAZ"
Nicósia, 18 nov (RV) - Encerra-se nesta terça-feira na capital cipriota, Nicósia,
a 22ª edição de "Homens e religiões", encontro organizado pela Comunidade de Santo
Egídio.
Esta edição foi marcada não somente pela presença de expoentes das
principais religiões, mas também de políticos de vários países. Um dos temas do evento
foi o abatimento do último muro europeu, que divide justamente o país anfitrião. Uma
divisão que é política, e não religiosa.
A propósito, uma delegação de Santo
Egídio e de vários líderes religiosos encontrou nesses dias os negociadores da parte
turca e greco-cipriota que, junto ao enviado das Nações Unidas, estão levando adiante
as negociações para resolver a crise no país.
Nesta edição, foram lançados
apelos pela paz na Terra Santa, no Líbano e no Iraque, foi analisada a situação dos
cristãos na Índia e em outros países e falou-se dos pobres como as verdadeiras vítimas
da crise financeira internacional.
Nesta noite, o encerramento da 22ª edição
será marcada pela leitura da mensagem de paz e pelo apelo de Ingrid Betancourt, ex-refém
das FARC.
Mas sobre as relações ecumênicas, a Rádio Vaticano entrevistou o
presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal
Walter Kasper, presente em Nicósia: "O diálogo com a Igreja Ortodoxa prossegue positivamente.
Agora falamos do papel do bispo de Roma no I milênio da Igreja, portanto estamos discutindo
o primado de Roma e há uma boa reaproximação, mas não um pleno consenso: é um passo
importante. Também a amizade entre bispos ortodoxos e bispos católicos se torna sempre
mais estreita. O Patriarca ecumênico esteve três vezes em Roma, e isso nunca tinha
acontecido em toda a longa história da Igreja. As coisas prosseguem, mas é necessário
ainda muito tempo. É necessário também que os fiéis sejam envolvidos e para isso se
deve mudar de mentalidade. Porém, progredimos nos últimos 40 anos e podemos caminhar
com esperança em direção ao futuro".
O card. Kasper explicou que, por meio
do movimento ecumênico, se "trabalha pela paz" e que, sobretudo na Europa, que viveu
a divisão com os ortodoxos e depois a Reforma protestante, "não se pode alcançar uma
plena unidade sem ecumenismo".
"Somos chamados à unidade cristã, porque isso
dará credibilidade à nossa mensagem – acrescentou –, mas a reconciliação tem também
um valor político, porque demonstra que é possível superar as feridas e as dificuldades
da história."
O cardeal destacou que o ecumenismo não é somente "produção
de documentos, mas um processo que envolve a vida, por meio da amizade, do amor recíproco
e da construção de relações". (BF)