NIGÉRIA: CONSELHO INTER-RELIGIOSO PEDE RESSARCIMENTO PARA VÍTIMAS DAS VIOLÊNCIAS RELIGIOSAS
Lagos, 17 nov (RV) – O Conselho Inter-religioso da Nigéria (NIREC), do qual
faz parte também a Igreja Católica, pediu aos governos dos estados muçulmanos da Federação
Nigeriana, que indenizem as vítimas das violências religiosas que ensangüentaram o
norte do país, nos anos passados.
A solicitação está contida num comunicado
divulgado no encerramento da quarta reunião trimestral do organismo, assinado pelos
dois co-presidentes, o arcebispo de Abuja, Dom John Olorunfemi Onaiyekan, e o presidente
do Conselho Islâmico da Nigéria, o sultão Sokoto Sa’ad.
Calcula-se em cerca
de 10 mil o número das vítimas das violências eclodidas sucessivamente, de 2000 a
2006, nos diversos estados nigerianos, em conseqüência da introdução da lei islâmica,
a xariá. Nos conflitos foram destruídas também muitas igrejas e mesquitas.
O
Conselho Inter-religioso da Nigéria acredita que o ressarcimento fará com que as vítimas
dessas violências ou, nos casos fatais, seus familiares, possam aliviar as perdas
humanas e materiais, sofridas em conseqüência das ações de extremistas.
No
comunicado, os dois líderes religiosos advertem sobre a ação dos "pregadores imprudentes",
ou seja, aqueles que, com seus discursos irresponsáveis, instigam ao ódio inter-religioso.
Além disso, condenam os meios de comunicação, acusando-os de terem contribuído para
fomentar a intolerância e as tensões, distorcendo os fatos.
O arcebispo e
o sultão exortam os fiéis cristãos e muçulmanos a buscarem no diálogo, o caminho para
superar as incompreensões existentes. "O diálogo _ lê-se no comunicado _ é a maneira
mais eficaz de promover a compreensão, a paz e a coexistência pacífica entre os povos,
quaisquer que sejam suas convicções religiosas e pertenças culturais."
Os fiéis
cristãos e muçulmanos são convidados a uma "conversão moral" e a levarem a sério os
valores da própria fé, lutando juntos contra a "corrupção generalizada".
O
comunicado se conclui com um apelo às autoridades centrais e à sociedade civil, em
prol da construção de "uma plataforma de base para o desenvolvimento da paz e da harmonia
religiosa na Nigéria, mediante a promoção do progresso socioeconômico, da justiça,
da transparência e de um bom governo.
Na Nigéria, os muçulmanos são pouco menos
da metade da população, concentrados, sobretudo, no norte do país, enquanto os cristãos
são 40%, dos quais 15% católicos. Os demais praticam cultos tradicionais. (AF)