REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO: IGREJA CATÓLICA CONDENA INEFICÁCIA DA ONU NO CONFLITO EM KIVU NORTE

Kinshasa, 14 nov (RV) – A Igreja Católica na República Democrática do Congo (RDC) criticou, nesta sexta-feira, a ineficácia da Missão da ONU no Congo (MONUC) na proteção aos civis, e exigiu o fim imediato das hostilidades, a fim de que os deslocados possam retornar a suas casas.

Num comunicado de imprensa, os bispos católicos da RDC consideram que a situação no país "piorou" muito, tendo alcançado "proporções insuportáveis" que ameaçam a estabilidade de toda a região africana dos Grandes Lagos.

"O mais lamentável é que esses fatos trágicos ocorram diante dos olhos impassíveis daqueles que detêm o mandato para manter a paz e proteger a população civil" _ sublinham os bispos, aludindo à inércia da Missão da ONU no Congo (MONUC), que dispõe de 17 mil efetivos: a maior missão de paz da ONU, em todo o mundo.

A nota do Episcopado pede que a comunidade internacional exija o respeito pelo Direito Internacional, e ressalta a necessidade de uma força de pacificação e estabilização na RDC, a fim de que não se repita ali o que ocorreu nos Bálcãs.

"Um verdadeiro drama humanitário está em ato em Kivu Norte, onde recrudesceram os combates, desde fins de agosto passado, entre as forças governamentais e os rebeldes de Laurent Nkunda" _ lamentam os bispos.

Finalmente, denunciam "a crueldade e a excepcional virulência dos ataques contra a população civil, que nada mais deseja senão uma vida serena e tranqüila" _ sublinham.

Mais de 250 mil pessoas se viram deslocadas de suas casas, no leste da RDC, obrigadas a fugir, desde a retomada, em agosto passado, das hostilidades entre os rebeldes tutsis congoleses e as tropas do governo de Kinshasa, lideradas pelo presidente Joseph Kabila.

A ONU e diversas organizações humanitárias vêm reivindicando, há semanas, a abertura de corredores humanitários para poder prestar assistência aos mais de 100 mil deslocados que se encontram praticamente ilhados no território dominado pelos rebeldes, impossibilitados de receber ajudas. (SP/AF)