SANTA SÉ: DECLARAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS DEVE SER RESPEITADA
Cidade do Vaticano, 13 nov (RV) - Foram apresentadas esta manhã, na Sala de
Imprensa da Santa Sé, as comemorações pelos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, no dia 10 de dezembro.
Na coletiva de imprensa, o presidente do Pontifício
Conselho da Justiça e da Paz, Card. Renato Raffaele Martino, explicou que as comemorações
pretendem, de um lado, celebrar este famoso documento das Nações Unidas; de outro,
destacar seu valor perene.
"A Igreja considera que os direitos humanos expressam
a transcendente dignidade da pessoa, amada por Deus, fim e jamais meio, e acredita
que a Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 tenha sido um momento de
fundamental importância no amadurecimento, por parte da humanidade, de uma consciência
moral quanto à dignidade da pessoa."
"A Igreja contribuiu para a reflexão sobre
os direitos humanos à luz da Palavra de Deus e da razão humana", recordou o cardeal.
Nesses 60 anos, a Igreja deu sua contribuição por meio de anúncios e denúncias, que
fizeram dela um incansável paladino da dignidade do homem e dos seus direitos.
Para
o cardeal, o mérito da Declaração Universal é ter permitido a diferentes culturas,
expressões jurídicas e modelos institucionais convergir em torno de um núcleo fundamental
de valores e, portanto, de direitos.
Todavia, observou o purpurado, nesses
60 anos a declaração da ONU sofreu muitas afrontas: "Infelizmente, muitos artigos
não foram observados no mundo. Um exemplo: eu viajo continuamente por todo o mundo
e, em muitos países, principalmente quando visito as prisões, vejo e toco fisicamente
que, para os nossos irmãos detentos, a Declaração dos Direitos Humanos nunca existiu".
A
partir desta visão, o Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, em colaboração com
a Prefeitura da Casa Pontifícia, vai organizar na Sala Paulo VI uma celebração dividida
em duas partes.
A primeira consistirá em um Ato comemorativo de reflexão e
estudo, com a participação dos organismos da Cúria Romana e do corpo diplomático acreditado
junto à Santa Sé. Vão intervir o secretário de Estado, Card. Tarcisio Bertone, o direto-geral
da Organização Mundial do Trabalho, Juan Somavia, e o diretor-geral da Organização
da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf.
A segunda parte
será marcada por um concerto, que contará a presença do papa, dirigido pela maestrina
e compositora Inma Shara. A espanhola, primeira mulher a dirigir um concerto no Vaticano,
assegurou ontem que esta possibilidade é o melhor presente que a vida lhe podia oferecer.
Natural de Amurrio (País Basco), ela é considerada uma das melhores diretoras
de orquestra do mundo, e demonstrou sua emoção:
“Dirigir este concerto é a
melhor sinfonia que me foi proposta na vida, e tenho que agradecer profundamente o
Vaticano, porque é um sonho que se torna realidade. Dirigi em todas as partes do mundo,
mas aqui será algo único. A religião e a música são duas ferramentas fundamentais
e irmãs que levam os homens a refletir e que geram somente paz, unidade e valores
éticos” – acrescentou.
Inma Shara já dirigiu um concerto de beneficência da
Filarmônica Européia, oferecido pelo Vaticano na recente Exposição de Zaragoza 2008.
Antes do início do concerto, serão entregues os prêmios atribuídos pela Fundação
São Mateus, criada em memória do cardeal François Xavier Nguyên Van Thuân.
Um
dos premiados será o Padre José Raul Matte, sacerdote camiliano e médico que se dedica
à assistência de hansenianos na Amazônia. Ele vai receber o prêmio Cardeal Van Thuân
para a solidariedade e o desenvolvimento. (BF)