Cidade do Vaticano, 12 nov (RV) - Como todas as quartas-feiras, o papa realizou
esta manhã a Audiência Geral na Praça S. Pedro. Em sua catequese, Bento XVI falou
novamente do tema da ressurreição em São Paulo. Em especial, o papa se concentrou
sobre a perspectiva que a ressurreição nos abre, ou seja, da esperança pelo retorno
do Senhor, e, portanto, sobre a relação entre o tempo presente e o futuro (éschaton)
que nos aguarda.
Qualquer discurso cristão sobre as coisas últimas, a escatologia,
parte sempre do evento da ressurreição. Na primeira carta aos Tessalonicenses, S.
Paulo fala deste retorno de Jesus, chamado parusia, e, em síntese, sua mensagem
é: o nosso futuro é estar com o Senhor. "Enquanto fiéis, disse o papa, na nossa vida
nós já estamos com o Senhor; o nosso futuro, a vida eterna, já começou."
Na
segunda carta aos Tessalonicenses, Paulo muda a perspectiva: fala de eventos negativos
que deverão preceder o evento final e conclusivo. Bento XVI explicou: "O que Paulo
quis dizer é que a expectativa pelo retorno de Cristo não dispensa do compromisso
neste mundo. Pelo contrário, cria responsabilidade diante do Juiz divino acerca do
nosso agir neste mundo. Assim, aumenta a nossa responsabilidade de trabalhar neste
e por este mundo".
Mais quais são as atitudes fundamentais dos cristãos
em relação às coisas últimas? A primeira, afirmou o papa, é a certeza de que Deus
ressuscitou e está com o Pai. Portanto, temos certeza; estamos livres do medo.
Em
segundo lugar, a certeza de que Cristo está comigo. E como em Cristo o mundo futuro
já começou, isso nos dá a certeza da esperança. "O futuro não é uma escuridão onde
ninguém se orienta. Não é assim. O cristão sabe que a luz de Cristo é mais forte e,
por isso, vive em uma esperança que dá certeza e dá coragem para enfrentar o futuro",
acrescentou.
Por fim, a terceira atitude do cristão. O Juiz que retorna – que
é juiz e salvador ao mesmo tempo – nos deixou o compromisso de viver neste mundo segundo
o seu modo de viver. Isto é, a responsabilidade pelo mundo, pelos irmãos diante de
Cristo e, ao mesmo tempo, a certeza da sua misericórdia. Não vivemos como se o bem
e o mal fossem iguais, explicou o papa.
Para concluir, Bento XVI citou mais
um ponto sobre a escatologia paulina. Na conclusão da sua primeira Carta aos Coríntios,
S. Paulo pronuncia as palavras Maraná, thà!, que significam: "Senhor, vem".
Podemos também nós rezar assim?, perguntou-se o papa, que respondeu: "Certamente
não queremos que o fim do mundo venha agora. Por outro lado, queremos também que este
mundo injusto acabe. Também nós queremos que o mundo seja fundamentalmente transformado,
que inicie a civilização do amor, que chegue um mundo de justiça, de paz, sem violência
e sem fome. E como tudo isso pode acontecer sem a presença de Cristo? Sem a presença
de Cristo nunca haverá um mundo justo e renovado. Mesmo que de maneira diferente,
devemos dizer com grande urgência e nas circunstâncias do nosso tempo: Vem Senhor!".
"Vem onde há injustiça e violência, vem nos campos de refugiados de Darfur
e Kivu Norte, em muitas partes do mundo. Vem onde domina a droga, vem também entre
os ricos que te esqueceram e vivem somente para si mesmos, e renova o mundo, vem no
nosso coração para que nós mesmos possamos nos tornar luz de Deus."
Depois
da catequese, o papa saudou os fiéis em várias línguas. Em italiano, Bento XVI saudou
as irmãs salesianas, que concluem no dia 15 seu Capítulo Geral. "Caras irmãs, uno-me
com alegria à sua gratidão a Deus pelos dons recebidos nesses meses. Invoco uma renovada
efusão de graça divina sobre a nova Superiora-geral e o seu Conselho, como também
sobre toda a Congregação para que possam prosseguir com entusiasmo sua missão apostólica.
O
papa também saudou os peregrinos em português. Ouça a saudação de Bento XVI: "Saúdo
cordialmente os peregrinos de língua portuguesa, a todos desejando felicidades, em
Jesus Cristo: em particular, desejo saudar muito cordialmente aos grupos vindos de
Portugal e do Brasil. Que a vinda a Roma vos fortaleça na fé e avive no vosso ânimo
a coragem para testemunhar a grandeza do Redentor dos homens, vencedor do mal e ressuscitado
para ser a nossa esperança e a nossa paz. Que o Senhor vos abençoe!". (BF)