SEQUESTRO DE DUAS MISSIONÁRIAS ITALIANAS NO QUÊNIA
El-wak, 11 nov (RV) – Duas religiosas da Comunidade Missionária de Padre Foucauld,
foram seqüestradas na noite entre 9 e 10 do corrente, em El-wak, no nordeste do Quênia.
As
duas religiosas italianas seqüestradas, Irmã Rinuccia Giraudo, 67 anos, e Maria Teresa
Olivero, 60, trabalham no Quênia há mais de 35 anos. Na noite de domingo, um grupo
numeroso de pessoas armadas atacou a Comunidade, disparando e lançando bombas, e seqüestrou
as duas religiosas, dirigindo-se para a região da Somália. Mas, até agora, nenhum
grupo reivindicou o seqüestro.
Segundo um comunicado das Missionárias de Foucauld
“a presença das religiosas no país, como em outras missões, é uma presença de oração,
contemplação e partilha de vida com os últimos, os marginalizados, os excluídos da
sociedade”.
“A comunidade religiosa de El-wak acolhe, diariamente, doentes
de tuberculose, de epilepsia, mães e crianças desnutridas, portadores de deficiência.
Trata-se de um trabalho antigo, construído na amizade, com tantas ligações afetivas
com o povo. A comunidade nunca recebeu ameaças, tampouco correu riscos particulares,
apesar de a região viver em contínua tensão entre as diversas etnias”, conclui o comunicado.
No
entanto, “o Papa segue com apreensão o acontecimento e reza para que o triste episódio
possa ser resolvido o mais rápido possível”, declarou Padre Federico Lombardi, diretor
da Sala de Imprensa da Santa Sé.
Apesar das violências que se desencadearam
no Quênia, entre janeiro e março deste ano, depois das eleições presidenciais, a Igreja
local continuou seu forte compromisso para restabelecer a paz entre os 30 milhões
de habitantes, dos quais 7 milhões são católicos.
Os religiosos católicos no
Quênia já pagaram um alto preço, no passado, com o sangue de tantos missionários e
missionárias. Entre eles, Padre Anthony Kayser, assassinado em 2000, três missionários
em 2006 e o padre Martin Addai, dos Padres Brancos, em março deste ano.
A propósito,
o cardeal-arcebispo de Nairóbi e presidente da Conferência Episcopal do Quênia, Dom
John Njue, afirmou que “tais homicídios de missionários não são homicídios comuns,
mas acontecem quando alguns religiosos ou a Igreja são incômodos e contrários à política.
Mas, tais atos não nos intimidam, concluiu o cardeal, pelo contrário, continuamos
com o mesmo entusiasmo dos primeiros missionários”.
Por sua vez, o Núncio Apostólico
no Quênia, Dom Alain Paul Lebeaupin, exclui a conotação de tipo religioso do seqüestro
das duas religiosas italianas. O contexto é muito complicado e difícil, onde antigos
conflitos são determinados mais por ódio étnico que religioso. Em entrevista à Rádio
Vaticano, ele expressou sua preocupação:
"Há uma grande preocupação porque
isso nunca aconteceu no Quênia. Não temos muitas notícias, infelizmente. Conheço um
pouco a espiritualidade das irmãs: elas estavam em uma região de maioria muçulmanas,
mas nunca tivemos problemas com a comunidade. Ali, as irmãs testemunhavam a presença
de Jesus Cristo segundo a espiritualidade do bem-aventurado Charles de Foucauld. Isso
quer dizer uma presença forte de testemunho. Esta manhã falei com o bispo da região,
com a superiora-geral das irmãs, e vejo que estão muito serenas porque são Freitas
que vivem há muito tempo, mais de 20 anos, na região: conhecem as pessoas e falam
bem sua língua."
Dom Lebeaupin fez um apelo: "Todos esperam que as freiras
sejam libertadas o mais rápido possível. Certamente este é o pedido de todos e rezamos
por sua libertação. É útil rezar e esperar que o coração de quem as seqüestrou entenda
que esta não é a estrada justa." (MT/BF)