2008-11-11 10:54:48

SEQUESTRO DE DUAS MISSIONÁRIAS ITALIANAS NO QUÊNIA


El-wak, 11 nov (RV) – Duas religiosas da Comunidade Missionária de Padre Foucauld, foram seqüestradas na noite entre 9 e 10 do corrente, em El-wak, no nordeste do Quênia.

As duas religiosas italianas seqüestradas, Irmã Rinuccia Giraudo, 67 anos, e Maria Teresa Olivero, 60, trabalham no Quênia há mais de 35 anos. Na noite de domingo, um grupo numeroso de pessoas armadas atacou a Comunidade, disparando e lançando bombas, e seqüestrou as duas religiosas, dirigindo-se para a região da Somália. Mas, até agora, nenhum grupo reivindicou o seqüestro.

Segundo um comunicado das Missionárias de Foucauld “a presença das religiosas no país, como em outras missões, é uma presença de oração, contemplação e partilha de vida com os últimos, os marginalizados, os excluídos da sociedade”.

“A comunidade religiosa de El-wak acolhe, diariamente, doentes de tuberculose, de epilepsia, mães e crianças desnutridas, portadores de deficiência. Trata-se de um trabalho antigo, construído na amizade, com tantas ligações afetivas com o povo. A comunidade nunca recebeu ameaças, tampouco correu riscos particulares, apesar de a região viver em contínua tensão entre as diversas etnias”, conclui o comunicado.

No entanto, “o Papa segue com apreensão o acontecimento e reza para que o triste episódio possa ser resolvido o mais rápido possível”, declarou Padre Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Apesar das violências que se desencadearam no Quênia, entre janeiro e março deste ano, depois das eleições presidenciais, a Igreja local continuou seu forte compromisso para restabelecer a paz entre os 30 milhões de habitantes, dos quais 7 milhões são católicos.

Os religiosos católicos no Quênia já pagaram um alto preço, no passado, com o sangue de tantos missionários e missionárias. Entre eles, Padre Anthony Kayser, assassinado em 2000, três missionários em 2006 e o padre Martin Addai, dos Padres Brancos, em março deste ano.

A propósito, o cardeal-arcebispo de Nairóbi e presidente da Conferência Episcopal do Quênia, Dom John Njue, afirmou que “tais homicídios de missionários não são homicídios comuns, mas acontecem quando alguns religiosos ou a Igreja são incômodos e contrários à política. Mas, tais atos não nos intimidam, concluiu o cardeal, pelo contrário, continuamos com o mesmo entusiasmo dos primeiros missionários”.

Por sua vez, o Núncio Apostólico no Quênia, Dom Alain Paul Lebeaupin, exclui a conotação de tipo religioso do seqüestro das duas religiosas italianas. O contexto é muito complicado e difícil, onde antigos conflitos são determinados mais por ódio étnico que religioso. Em entrevista à Rádio Vaticano, ele expressou sua preocupação:

"Há uma grande preocupação porque isso nunca aconteceu no Quênia. Não temos muitas notícias, infelizmente. Conheço um pouco a espiritualidade das irmãs: elas estavam em uma região de maioria muçulmanas, mas nunca tivemos problemas com a comunidade. Ali, as irmãs testemunhavam a presença de Jesus Cristo segundo a espiritualidade do bem-aventurado Charles de Foucauld. Isso quer dizer uma presença forte de testemunho. Esta manhã falei com o bispo da região, com a superiora-geral das irmãs, e vejo que estão muito serenas porque são Freitas que vivem há muito tempo, mais de 20 anos, na região: conhecem as pessoas e falam bem sua língua."

Dom Lebeaupin fez um apelo: "Todos esperam que as freiras sejam libertadas o mais rápido possível. Certamente este é o pedido de todos e rezamos por sua libertação. É útil rezar e esperar que o coração de quem as seqüestrou entenda que esta não é a estrada justa." (MT/BF)







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