Cimeira no Quénia analisou a situação na RD Congo com um apelo à resolução
política do conflito e á criação urgente de um corredor humanitário para assistência
aos cerca de 260 mil refugiados.
(8/11/2008) A cimeira no Quénia, que analisou a situação na RD Congo, viu esvaziado
o seu esforço, sobretudo político, com a divulgação de que tropas angolanas poderão
estar a combater ao lado dos militares do Governo. Contudo a denúncia da presença
angolana foi desmentida, a partir de Nova Iorque, por Edmond Mulet, sub-secretário-geral
de ONU, admitindo que a confusão possa ter origem no facto de alguns soldados congoleses
terem sido treinados em Angola e, por isso, falarem português. A confirmar-se
a presença angolana, poderá o que era um conflito local transformar-se em regional,
sobretudo porque é previsível que, mais uma vez, o Ruanda, suspeito de apoiar os rebeldes,
mande tropas para o país. Estas informações surgiram horas depois de o Governo
de Angola ter, em comunicado, apelado ao diálogo e à procura de "soluções definitivas". O
chefe dos rebeldes, o general Laurent Nkunda. decretou um cessar-fogo unilateral
na semana passada, quando as suas forças chegaram aos arredores da cidade de Goma,
mas nos últimos dias sucederam-se as informações sobre confrontos na zona. A ONU,
que reconhece não ter capacidade militar (humana e bélica) para defender os civis,
diz que ontem havia fortes combates em Kibati, a dez quilómetros a norte de Goma,
onde cerca de 45 mil pessoas se refugiaram. Por sua vez, o secretário-geral da ONU,
Ban Ki-moon, afirmou em Nairobi, onde participou numa cimeira africana sobre a RD
Congo, que a força de manutenção de paz das Nações Unidas, MONUC, está no limite das
suas capacidades. Da cimeira, em que participaram também o presidente congolês
Joseph Kabila e seu homólogo ruandês, Paul Kagame, saíu um apelo à resolução política
do conflito, bem como à necessidade da criação urgente de um corredor humanitário
para assistência aos cerca de 260 mil refugiados. Foi também pedido a Ban Ki-moon
"o reforço das forças de manutenção da paz" e a "adopção dos mecanismos à altura de
pôr cobro à situação".