ACADEMIA PARA A VIDA: DOAÇÃO DE ÓRGAOS É ATO DE AMOR
Cidade do Vaticano, 07 nov (RV) - Médicos e cientistas de diversos países do
mundo estão reunidos desde ontem, e até amanhã, no Auditório da Conciliação em Roma,
para participar do Congresso internacional “Um dom da vida. Considerações sobre a
doação de órgãos”. O encontro, organizado pela Pontifícia Academia para a Vida, analisa
o sistema de transplantes em nível internacional. Hoje, os participantes serão recebidos
pelo papa.
O presidente da Pontifícia Academia para a Vida, dom Rino Fisichella,
explicou o significado do tema: “Como sabemos, o tema apresenta muitas nuances. Certamente
os ouvintes se recordam do primeiro transplante de coração, efetuado mais de 40 anos
atrás, pelo professor Barnard, em Cidade do Cabo, na África do Sul. Bom, nestes 40
anos, a ciência médica fez progressos enormes. Acredito que chegou o momento de fazer
uma verificação para entender os grandes passos, o grande progresso realizado e o
espírito com o qual nos apresentamos ao futuro. Nós sabemos que a lista de pessoas
que aguardam um transplante é realmente longa e ainda não existe a sensibilidade,
em muitas populações, em várias áreas do mundo, para a doação de órgãos. Este momento
é importante para solicitar uma reflexão a este respeito”.
O presidente da
Pontifícia Academia para a Vida acrescenta ainda um segundo ponto de discussão: “Não
podemos fechar os olhos diante dos graves problemas éticos conseqüentes do tráfico
de órgãos, que infelizmente, envolve pessoas inocentes. Portanto, estes dois elementos
nos impõem uma reflexão, seja em nível científico-médico, seja com todos os componentes
antropológicos, éticos, legais, sociais e culturais.
Dom Rino Fisichella
esclarece a posição da Igreja católica sobre o transplante de órgãos: “A posição da
Igreja está bem expressa no Catecismo da Igreja Católica, que explica que ela aceita
e acolhe o transplante de órgãos. Naturalmente, existem limites. Antes de tudo, não
deve haver desproporção entre doação de órgãos e a manutenção da própria identidade
pessoal e nem com a terapia e as soluções que o transplante pode acarretar”.
De
acordo com dom Rino Fisichella, a Igreja vê o transplante de órgãos como uma dimensão
profunda de um testemunho de caridade, um testemunho de amor. Enfim, pode-se falar
de doação de órgãos como um dom para a vida, na medida em que permanece sempre um
dom baseado na liberdade, que não tem em sua raiz algum desejo de lucro, como se verifica
no tráfico de órgãos. (CM)