As religiões, que podem e devem ser factores de paz, muitas vezes usadas para a violência
, salientou o Papa recebendo a nova Embaixadora da República Árabe do Egipto
(6/11/2008) Recebendo a nova Embaixadora da República Árabe do Egipto, Senhora Aly
Hamada Mekhemar, Bento XVI congratulou-se com os “inumeráveis esforços” desenvolvidos
por este país “a favor da paz, da harmonia e de soluções justas que respeitem os Estados
e as pessoas”. O Papa começou por recordar que “o Egipto é uma terra de antiga
civilização conhecida no mundo inteiro pelos seus monumentos, a sua arte e o seu saber
ancestral”. Uma terra onde “se encontraram e misturaram diferentes povos, culturas
e religiões”, construindo assim, ao longo de milénios, um “povo famoso pela sua sabedoria
e ponderação”.
Bento XVI deu graças a Deus pelas “boas relações existentes
entre o Egipto e a Santa Sé”, cujas relações diplomáticas datam de há 60 anos. “Já
então o Egipto se encontrava à vanguarda na busca de pontes entre os povos e as religiões”.
Perante “os inumeráveis e graves problemas internacionais que afectam, ainda hoje,
tantas vezes de modo violento, os confins da África e da Ásia, sobretudo no Médio
Oriente”, o Papa fez questão de sublinhar a convergência entre o Egipto e a Santa
Sé, nos “esforços a favor da paz e de soluções justas”. Bento XVI fez votos de
que surja e se desenvolva por toda a parte aquele “clima de diálogo e aproximação
que poderia gerar uma cultura de paz, que leve a eliminar, ou pelo menos a atenuar,
os egoísmos nacionais, moderando os interesses privados ou públicos”.
“As
religiões – declarou o Papa – podem e devem ser factores de paz. Infelizmente, elas
podem ser mal compreendidas e utilizadas para provocar violência ou morte. O respeito
da sensibilidade e da história de cada país ou de cada uma das comunidades humanas
e religiosas, repetidas consultações e encontros multilaterais, e sobretudo uma autêntica
vontade de busca da paz – considerou Bento XVI – hão-de favorecer a reconciliação
dos povos e a coabitação pacífica entre todos”.
Referindo que “o Egipto sempre
foi conhecido como uma terra de hospitalidade para numerosos refugiados, muçulmanos
e cristãos, que ali procuraram segurança e paz”, o Papa fez votos de que “esta nobre
tradição prossiga para bem de todos”, pois “o hóspede acolhido é um depósito sagrado
confiado por Deus, que de tal se recordará no momento justo”.
Bento XVI evocou
também os encontros anuais que, há dezenas de anos se vêm realizando entre o Comité
permanente para o dialogo entre as religiões monoteístas da Universidade Al-Azhar
e o Conselho Pontifício para o Diálogo inter-religioso. Para o Papa, este diálogo,
que visa “abrir a via para uma compreensão e respeito recíproco entre o Islão e o
Cristianismo”, “constitui uma oportunidade para o mundo, uma possibilidade oferecida
por Deus, que há que não desperdiçar, vivendo-a antes do melhor modo possível”. É
“importante promover antes de mais um bom conhecimento recíproco que não se pode limitar
ao círculo restrito da instância de diálogo, mas que deve irradiar pouco a pouco para
as margens, para os indivíduos, que dia após dia, nas cidades e aldeias, possam desenvolver
uma mentalidade de respeito recíproco que se possa transformar mesmo em estima mútua”.
Quase
a concluir o seu discurso à nova Embaixadora do Egipto junto da Santa Sé, Bento XVI
pediu-lhe que transmitisse as suas saudações à comunidade católica do país, que –
disse – “embora reduzida, em número, manifesta contudo a grande diversidade que existe
no seio da Igreja e a possibilidade de uma harmonioso coexistência entre as grandes
tradições cristãs orientais e ocidentais”. Finalmente, o Papa fez votos de que, nas
novas localidades turísticas que se têm vindo a desenvolver nos últimos anos, se possa
proporcionar aos inúmeros turistas católicos lugares de culto apropriados onde estes
possam rezar dignamente a Deus.