SOMÁLIA: JOVEM LAPIDADA ATÉ A MORTE TINHA APENAS 13 ANOS, REVELA A ANISTIA INTERNACIONAL
Mogadíscio, 03 nov (RV) - Contrariamente ao que foi divulgado precedentemente,
por alguns meios de comunicação, a jovem considerada "culpada" de adultério, e lapidada
até a morte, na semana passada, na Somália, tinha apenas 13 e não 23 anos.
Aisha
Ibrahim Duhulow foi assassinada na segunda-feira, 27 de outubro, por um grupo de 50
homens, que a lapidaram até que ela morresse. A sentença foi executada no estádio
da cidade de Chisimaio, sul do país, diante de cerca de mil espectadores. Alguns jornalistas
locais, que haviam noticiado, em precedência, que se tratava de uma jovem de 23 anos,
disseram à Anistia Internacional que foram enganados pelo fato que a adolescente _
de apenas 13 anos _ aparentava ter mais idade.
Aisha Ibrahim Duhulow chegou
a Chisimaio há apenas três meses, proveniente do campo de refugiados de Hagardeer,
no Quênia. Em Chisimaio _ cidade portuária somaliana _ ela foi estuprada por três
homens. Para obter justiça, Aisha se dirigira aos milicianos de "al Shabab", que controlam
a área. Mas sua denúncia obteve efeito contrário: foi ela a ser presa e acusada de
adultério, tendo sido condenada, sumariamente, à morte por lapidação. Nenhum dos três
estupradores foi preso.
Um homem, que se qualificou como xeque Hayakalah, disse
à emissora somaliana de rádio "Shabelle", que a própria Aisha havia fornecido as provas
de sua culpabilidade, tendo confessado o adultério. Segundo ele, a moça se dissera
contente por sofrer "a justa punição islâmica" para esse tipo de delito.
De
acordo com testemunhas oculares que narraram a execução à Anistia Internacional, Aisha
Ibrahim Duhulow lutou contra seus carnífices, e foi arrastada à força até o estádio.
Ali, a adolescente foi enterrada até o pescoço, permanecendo apenas com a cabeça de
fora. Teve início então, o bárbaro ritual da lapidação, por parte de 50 homens. O
ritual foi suspenso para que um enfermeiro verificasse se a jovem já havia morrido.
Depois de constatado que ela ainda estava viva, a cena dantesca prosseguiu até a morte
da menina.
"Esta adolescente teve uma morte horrível, ordenada por grupos armados
de oposição, que controlam a área de Chisimaio. Foi mais um dos tantos ultrajes perpetrados
pelos protagonistas do conflito na Somália, e que demonstra, uma vez mais, a importância
da intervenção da comunidade internacional, através de uma Comissão Internacional
de Inquérito" _ disse a Anistia Internacional. (AF)
Ouça o comentário do Pe.
Cesar Augusto dos Santos sobre este fato