PAPA NO ANGELUS: "OS CRISTÃOS DEVEM FALAR DA MORTE E EXPLICAR O CONCEITO DE VIDA ETERNA"
Cidade do Vaticano, 02 nov (RV) - Os cristãos devem falar da morte e explicar
o conceito de vida eterna, contra superstições, mitologias, sincretismos. Esse o convite
feito por Bento XVI, durante a alocução que precedeu neste domingo a oração mariana
do Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro, no dia em que a Igreja celebra
o dia de finados.
Ontem a festa de Todos os Santos nos fez contemplar “a cidade
do céu, a Jerusalém celeste que é nossa mãe”, disse o Santo Padre. Hoje, comemoramos
todos os fiéis defuntos que “nos precederam com o sinal da fé e dormem o sono da paz”.
É
muito importante – continuou o Papa – que nós cristãos vivamos o relacionamento com
os defuntos na verdade da fé, e olhemos para a morte e para o além, segundo a luz
da Revelação. Já o Apóstolo Paulo, escrevendo às primeiras comunidades, exortava os
fiéis a “não serem tristes como aqueles que não têm esperança”. “Se de fato – escrevia
– cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, através de Jesus, reunirá
a Ele aqueles que morreram”.
É necessário também hoje evangelizar a realidade
da morte e da vida eterna – sublinhou o papa - realidade particularmente sujeita a
crenças supersticiosas e a sincretismos, a fim de que a verdade cristã não corra o
perigo de misturar-se com mitologias de vários gêneros.
Bento XVI em seguida
recordou que já na sua Encíclica sobre a esperança cristã se interrogara sobre o mistério
da vida eterna, fazendo perguntas como: a fé cristã é também para os homens de hoje
uma esperança que transforma e apóia a sua vida? E mais radicalmente: os homens e
as mulheres desta nossa época desejam ainda a vida eterna? Ou talvez a existência
terrena tenha se tornado o seu único horizonte? Todos, explicou o papa Ratzinger,
citando a sua encíclica Spe Salvi, “desejam uma vida boa, desejam a felicidade; nós
não sabemos bem o que seja e como seja essa vida, mas nos sentimos atraídos por ela”.
E essa é uma esperança universal, comum aos homens de todos os tempos e de todos os
lugares.
A expressão “vida eterna” – continuou o Pontífice - quer dar nome
a esta espera que não pode ser ocultada: não uma sucessão sem fim, mas sim o imergir-se
no oceano do infinito amor, no qual o tempo, o antes e o depois já não existem mais;
mas sim uma plenitude de vida e de alegria.
Bento XVI em seguida convidou os
fiéis a renovarem a esperança na vida eterna baseada na morte e ressurreição de Cristo,
acrescentando que a esperança cristã não é jamais individual, mas é também esperança
para os demais. Assim a oração de uma alma peregrina no mundo pode ajudar outra alma
que está se purificando após a morte. Eis porque hoje a Igreja nos convida a rezar
pelos nossos caros defuntos e a nos determos diante de seus túmulos nos cemitérios.
Enfim
o Papa invocou Maria, estrela da esperança, a fim de que torne mais forte e autêntica
a nossa fé na vida eterna e sustente a nossa oração de sufrágio pelos irmãos defuntos.
Antes
de se despedir dos fiéis e peregrinos, reunidos na Praça São Pedro, Bento XVI saudou
os presentes em várias línguas. Falando em italiano desejou a todos um bom domingo
e uma boa semana. (SP)