A realidade da morte e a vida eterna expostas a superstições e mitologias: Bento
XVI antes da recitação do Angelus
(2/11/2008) Dirigindo-se aos milhares de pessoas presentes ao meio dia na Praça
de São Pedro para a recitação da oração mariana do Angelus, Bento XVI salientou a
importância dos cristãos viverem a relação com os defuntos na verdade da fé e de olharem
para a morte e para o além com a luz da Revelação . O Papa recordou que já o Apostolo
Paulo, escrevendo ás primeiras comunidades cristãs exortava os fiéis a não serem tristes
como os outros que não têm esperança. Se de facto – escrevia - cremos que Jesus morreu
e ressuscitou, assim também devemos crer que Deus levará, por Jesus, e com Jesus os
que morrem n’Ele”. “ É necessário também hoje evangelizar a realidade da morte
e da vida eterna, realidades particularmente sujeitas a crenças supersticiosas e
a sincretismos, para que a verdade cristã não corra o perigo de misturar-se com mitologias
de varia espécie”. E Bento XVI voltou a fazer algumas perguntas contidas na sua
Encíclica sobre a esperança cristã. Para nós, hoje a fé cristã é também uma esperança
que transforma e sustenta a nossa vida? E mais radicalmente: os homens e as mulheres
desta nossa época desejam ainda a vida eterna? Ou talvez a existência terrena tornou-se
o seu único horizonte? Na realidade, como já observava Santo Agostinho todos queremos
a vida bem-aventurada », a vida que é simplesmente vida, pura « felicidade ».
Não conhecemos de modo algum esta realidade, mas sentimo-nos atraídos por ela. Esta
é uma esperança universal, comum aos homens de todos os tempos e lugares. A expressão
vida eterna – disse pois o Papa – deseja dar um nome a esta expectativa irresistível
; não uma sucessão sem fim, mas a imersão no oceano do amor infinito, no qual o tempo,
o antes e o depois, já não existem. Uma plenitude de vida e de alegria: é isto
que esperamos do nosso ser com Cristo. E depois de ter convidado a renovar a esperança
da vida eterna fundada realmente na morte e ressurreição de Cristo Bento XVI salientou
que a esperança cristã nunca é apenas individual, é sempre também esperança para os
outros. As nossas vidas estão profundamente ligadas umas ás outras e o bem e o
mal que cada um faz toca sempre também os outros. Assim, a oração de uma alma peregrina
no mundo pode ajudar uma outra alma que se está a purificar depois da morte. É
por isso - acrescentou – que a Igreja nos convida a rezar pelos nossos queridos defuntos
e a determo-nos em oração junto dos seus túmulos nos cemitérios. Maria, estrela
da esperança, torne mais forte e autentica a nossa fé na vida eterna e sustente a
nossa oração de sufrágio pelos irmãos defuntos.