BISPOS EUROPEUS ALERTAM PARA PERIGOS DA MUDANÇA CLIMÁTICA
Bruxelas, 30 out (RV) - Foi apresentado ontem em Bruxelas, na Bélgica, o relatório
da Comissão dos Episcopados da Comunidade Européia (COMECE) sobre as mudanças climáticas.
O
documento é intitulado "Reflexão cristã sobre mudança climática" e foi elaborado com
a contribuição de 10 cientistas. Um deles, o docente da Universidade de Louvain e
vice-presidente do Comitê intergovernamental para as mudanças climáticas (IPCC), Jean-Pascal
van Ypersele, afirmou que o texto focaliza o impacto da mudança climática nos ecossistemas
e nos indivíduos, e esboça os desafios políticos neste âmbito.
Para o professor,
as categorias mais vulneráveis são os pobres, as crianças e os anciãos, o que implica
um empenho à "solidariedade entre as gerações".
"Se o aquecimento prosseguir
com os ritmos atuais, 20 a 30% das espécies animais e vegetais poderão se extinguir",
explica Jean-Pascal van Ypersele. Para ele, é possível e urgente intervir, modificando
os comportamentos individuais, intervindo nos sistemas de produção e limitando o consumo.
"Até mesmo a crise econômica atual, mesmo constituindo um grave problema para todos
os países do mundo, poderia se tornar uma oportunidade", destaca, porque poderiam
ser introduzidas modificações positivas.
Para o presidente da COMECE, Dom
Adrianus H. van Luyn, da mudança climática emergem considerações éticas universalmente
válidas e indicações para a comunidade cristã. Segundo ele, "é preciso que se volte
a considerar as pessoas não somente como consumidoras, mas como sujeitos espirituais,
no centro de relações, com responsabilidades individuais e coletivas em relação aos
pobres e aos países menos desenvolvidos".
Dom van Luyn indicou três palavras-chave
que devem nortear esse novo paradigma: "Espiritualidade, que é o contrário da secularização;
solidariedade, o oposto de qualquer forma de individualismo; e sobriedade, para vencer
o materialismo e o consumismo, que nos levam a não respeitar o meio ambiente". (BF)