A DOCILIDADE DE JOÃO XXIII AO ESPÍRITO SANTO FOI TERRENO FÉRTIL PARA A SEMENTE DA
PAZ
Cidade do Vaticano, 29 out (RV) – O cardeal secretário de Estado, Tarcisio
Bertone, oficiou a santa missa, na tarde desta terça-feira, para celebrar os 50 anos
da eleição do bem-aventurado João XXIII à cátedra de Pedro. Na Basílica Vaticana estavam
presentes cerca de três mil fiéis da província de Bergamo, região da Lombardia, de
onde era originário o Papa Angelo Roncalli.
Ao término da celebração eucarística,
Bento XVI, que antes estivera na cripta vaticana, rezando diante do túmulo de João
XXIII, subiu até a basílica, onde saudou o fiéis e concedeu sua bênção apostólica.
Cinqüenta
anos atrás, com a eleição de Angelo Giuseppe Roncalli à cátedra de Pedro, "a graça
de Deus estava preparando um período de empenhos e promessas para a Igreja e para
a sociedade" _ disse Bento XVI em sua saudação, recordando o início do pontificado
do "Papa Bondoso" _ como era chamado pelos fiéis _ cuja "docilidade ao Espírito Santo"
representou "o terreno fértil para fazer germinar a concórdia, a esperança, a humildade
e a paz, em prol do bem de toda a humanidade".
O pontífice recordou o "dom
verdadeiramente especial, oferecido à Igreja por João XXIII _ o Concílio Ecumênico
Vaticano II, por ele convocado, preparado e iniciado". "Estamos todos comprometidos
_ sublinhou o Santo Padre _ a acolher aquele dom, continuando a meditar seus ensinamentos
e a traduzir em nossas vidas suas orientações práticas."
O então Pe. Joseph
Ratzinger participou do Concílio Ecumênico Vaticano II na qualidade de especialista,
como teólogo do grupo que preparava os documentos conciliares.
"Papa João indicou
a fé em Cristo e a pertença à Igreja, mãe e mestra, como garantia do fecundo testemunho
cristão no mundo. Assim _ acrescentou Bento XVI _ nas fortes contraposições de seu
tempo, foi um homem e um pastor da paz, que soube descortinar, no Oriente e no Ocidente,
inesperados horizontes de fraternidade entre os cristãos e de diálogo com todos."
Bento
XVI fez um particular aceno à importância da família no magistério de João XXIII,
"berço da educação à fé e célula insubstituível da vida social", narrando que, numa
carta a familiares, João XXIII recordava que "a educação que deixa marcas mais profundas
é a recebida em casa", e confessando que esquecera "muito do que aprendera nos livros,
mas recordava vivamente tudo o que lhe haviam ensinado seus pais e as pessoas idosas
da família".
Referindo-se ao discurso Gaudet Mater Ecclesia, feito na inauguração
dos trabalhos do Concílio Ecumênico Vaticano II, em 11 de outubro de 1962, o papa
citou o trecho em que João XXIII compara a Igreja à família, sublinhando que, "por
meio dos seus filhos, ela estende a toda parte a plenitude da caridade cristã, que
é o melhor auxílio para eliminar as sementes da discórdia; e nada é mais eficaz para
fomentar a concórdia, a paz justa e a união fraterna". (AF)