(29/10/2008) Os bispos da COMECE - Comissão das Conferências Episcopais da União
Europeia apelam aos cristão e às Igrejas que sejam exemplo na mudança de estilo de
vida para combater as alterações climáticas. É este o principal apelo dado a conhecer,
na apresentação do documento «Uma visão Cristã das Alterações Climáticas», da responsabilidade
do grupo de especialistas constituído pela COMECE e partilhado pelo Comissário da
União Europeia. O documento sublinha que o enorme desafio do clima é “dirigido
a toda a humanidade” e lança um apelo a todos os líderes europeus para “basearem as
suas políticas num pensamento ético, na justiça inter-geracional e na solidariedade
para com os países do Sul”. Os especialistas apelam ainda às Igrejas e aos cristãos
para serem exemplo na adopção de um estilo de vida baseado na moderação. “A luta
contra as alterações climáticas deve ser reconhecida, acima de tudo, como um problema
público e ético”. Os especialista entendem que será difícil a sua resolução sem desafiar
“determinados organismos sociais, sem questionar formas de vida comum e o sistema
de valores da sociedade civil”. De forma a convencer os cidadãos que, fundamentalmente,
têm de mudar a sua forma de vida e de pensar, “os líderes políticos deveriam desencadear
uma profunda reflexão e debate ético”. Segundo o relatório, a reflexão deveria ser
baseada na teologia cristã, que “tem vindo a desenvolver interessantes ideias sobre
esta matéria”. “Acima de tudo, os valores e princípios do ensino social da Igreja,
justiça global, atenção aos pobres, subsidariedade, solidariedade e responsabilidade
para o bem comum, poderia permitir uma avaliação sobre as políticas climáticas”, explicam
os especialistas. Os autores do estudo dão especial ênfase no facto de as alterações
climáticas serem uma questão de “justiça intra e inter-geracional”. Consequentemente,
os especialistas pedem à UE que assuma a liderança e que faça ouvir a sua voz em benefício
dos países em vias de desenvolvimento e das gerações futuras que irão suportar ou
já suportam o peso das alterações climáticas. “A UE tem uma responsabilidade especial
no combate às alterações climáticas, devido aos meios tecnológicos, financeiros e
devido à experiência na acção cooperativa. A EU deveria ser exemplo e convencer os
actores para a necessidade de proteger a o clima na Terra”. O documento aponta
ainda que as alterações climáticas são sintoma de “uma forma de vida insustentável,
produção e padrões de consumo que envolvem o mundo industrializado mas que não sustentam
o futuro”. Os especialistas pedem a todos os cidadãos que questionem a sua forma de
vida, demasiado dependente em bens materiais, e que baseiam a sua vida em bens culturais
e relacionais. “O nosso modo de vida deveria ser baseado numa «moderação voluntária»,
uma virtude central que deveria ser compreendida como um desejo, e não compreendida
à luz da ambição”. Segundo o documento, “a Igreja Católica e todos os cristãos
estão melhor posicionados para veicular mudanças nos modos de vida, através de propostas
concretas e modestos exemplos”. Como forma de contribuir para o debate sobre alterações
climáticas, a COMECE decidiu, oficialmente, estabelecer um grupo de trabalho sobre
«Políticas da UE sobre alterações climáticas e o modo de vida cristão». O grupo, constituído
por 10 personalidades europeias dos campos da política e ciência, irá submeter o seu
relatório à COMECE por ocasião da Assembleia Plenária, marcada para 12 de Novembro.