ARCEBISPO DESMOND TUTU: ITÁLIA EVITE QUE CONSEQÜÊNCIAS DA CRISE FINANCEIRA RECAIAM
SOBRE OS POBRES
Roma, 29 out (RV) - A revista "Família Cristã" em sua edição italiana _ publicação
católica de maior tiragem no país _ traz, no número desta semana, uma carta do arcebispo
anglicano emérito de Cidade do Cabo, África do Sul, e prêmio Nobel da Paz-1984, Dr.
Desmond Tutu, dirigida ao ministro da Economia italiano, Giulio Tremonti.
A
carta é datada de 16 de setembro passado e é um forte apelo em favor dos pobres deste
mundo. Não tendo recebido resposta depois de um mês e meio do envio da missiva, o
arcebispo decidiu torná-la pública.
O arcebispo manifesta ao ministro Tremonti
sua preocupação pela redução da cooperação italiana, e o convida a fazer todo o possível
para evitar uma diminuição das ajudas, o que pode significar a diferença entre a vida
e a morte nos países pobres.
Engajado na linha de frente, no campo dos direitos
humanos e do desenvolvimento, o renomado arcebispo anglicano diz dirigir-se ao ministro
da Economia italiano com a esperança de que a Itália evite fazer recair sobre os pobres
as conseqüências da crise financeira que os países ricos estão vivendo, neste momento.
O
Dr. Desmond Tutu recorda que a reunião do G-8 (grupo que reúne os sete países mais
industrializados do mundo, mais a Rússia) em 2009 será, para a Itália, uma ocasião
para mostrar sua liderança na redução da pobreza. Uma ocasião que será comprometida,
se a diminuição da cooperação italiana se tornar realidade.
Nesse caso _ observa
o arcebispo anglicano sul-africano _ a Itália perderia a oportunidade de convencer
os outros países ricos a manterem suas promessas e, assim fazerem a diferença para
milhões de pessoas que ainda vivem numa situação de pobreza degradante.
O Nobel
da Paz-1984 recorda ser oriundo da África do Sul e que todos os dias, entra em contato
com a realidade de pessoas que lutam para viver com dignidade, apesar de não conseguirem
satisfazer suas próprias necessidades primárias: crianças sem água potável, mães que
vêem seus filhos morrerem porque não podem comprar sequer os medicamentos essenciais.
O arcebispo anglicano ressalta que, no próximo ano, os olhos do mundo estarão
voltados para a Itália _ anfitriã do próximo encontro do G-8 _ que terá o dever de
manter o tema da redução da pobreza no centro desse encontro de cúpula, e de manter
a palavra dada sobre o aumento das ajudas. (RL)