CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA DE ENCERRAMENTO DO SÍNODO SOBRE A PALAVRA DE DEUS"
Cidade do Vaticano, 26 out (RV) – Bento XVI presidiu, esta manhã, na Basílica
Vaticana, a uma solene celebração Eucarística por ocasião do encerramento da XII Assembléia
geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que se realizou no Vaticano, sobre o tema: “A
Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”.
Na homilia que pronunciou,
durante a celebração conclusiva do Sínodo, o Pontífice afirmou: “A Palavra do Senhor,
que acabamos de ouvir no Evangelho, nos recorda que toda a Lei divina se resume no
amor.
O evangelista Mateus narra que um dos fariseus, um doutor da Lei, colocou
Jesus à prova, dizendo: “Mestre, qual é o grande mandamento da Lei?” A questão deixa
transparecer a preocupação, vigente na antiga tradição judaica, de encontrar um principio
unificador para as várias formulações da vontade de Deus. Era uma pergunta difícil,
considerando que na Lei de Moisés são contemplados 613 preceitos e proibições. Como
discernir, entre eles, qual era o maior?
Mas, Jesus não hesita e responde,
prontamente: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de
todo teu espírito”. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo é semelhante
a este: “Amarás teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda
a Lei e os profetas”.
A página evangélica deste domingo, disse o Papa, coloca
em evidência que para ser discípulo de Cristo é preciso colocar em prática os seus
ensinamentos, que se resumem no primeiro e maior mandamento da Lei divina: o mandamento
do Amor.
A primeira leitura, extraída do livro do Êxodo, também insiste no
dever de amar. O próximo a ser amado, deve ser também o estrangeiro, o órfão, a viúva
e o indigente, os indefesos.
Na segunda leitura, encontramos uma concreta
aplicação do máximo mandamento do amor em uma das primeiras comunidades cristãs paulinas.
Apesar das fraquezas e dificuldades entre os irmãos, Paulo recorda o amor que tudo
supera, tudo renova, tudo vence. Com o amor e ciente das próprias limitações, os discípulos
seguem docilmente as palavras de Cristo, o Mestre divino.
O ensinamento que
o Apóstolo Paulo nos oferece, através da experiência dos Tessalonicenses, frisou o
Santo Padre, é comum para todas as autênticas comunidades cristãs: o amor ao próximo
nasce da escuta dócil da Palavra divina. Então, como é importante ouvir a Palavra
e encarná-la na vida pessoal e comunitária! E o Papa explicou:
Nesta celebração
Eucarística, que encerra os trabalhos sinodais, percebemos, de modo singular, a relação
existente entre a escuta amorosa de Deus e o serviço desinteressado aos irmãos. Quantas
vezes, nos últimos dias, ouvimos experiências e reflexões que destacam, cada vez mais,
a necessidade de uma escuta mais íntima de Deus, de um conhecimento mais verdadeiro
da sua Palavra de salvação, de uma partilha mais sincera da fé, que se alimenta constantemente
do pão da Palavra divina!
Aqui, Bento XVI agradeceu a cada um pela contribuição
que deu para um maior aprofundamento do tema do Sínodo: “A Palavra de Deus na vida
e na missão da Igreja”. Cumprimentou, com carinho e de modo especial os Cardeais Presidentes,
o Secretário Geral e seus colaboradores, os que vieram de todos os continentes, com
sua experiência enriquecedora. O Papa dirigiu uma saudação cordial também aos delegados
fraternos, os peritos, os ouvintes e os enviados especiais. E acrescentou:
Dirijo
um pensamento especial também aos Bispos da China Continental, que não puderam estar
presentes nesta Assembléia sinodal. Desejo ser intérprete e agradecer a Deus por seu
amor a Cristo, por sua comunhão com a Igreja e por sua fidelidade ao Sucessor do Apóstolo
Pedro. Eles estão presentes em nossas orações, juntamente com todos os fiéis que estão
sob seus cuidados pastorais. Peçamos ao “Pastor supremo do rebanho” que lhes dê alegrias,
força, e zelo apostólico para guiar, com sabedoria e visão, a comunidade católica
na China, tão querida a todos nós.
Todos nós, que tomamos parte dos trabalhos
sinodais, continuou o Pontífice, temos uma nova consciência do dever prioritário da
Igreja, no início deste novo milênio: nutrir-se da Palavra de Deus, para tornar mais
eficaz o compromisso da nova Evangelização.
Agora, disse ainda, é preciso
levar esta experiência eclesial a todas as comunidades; compreender a necessidade
de traduzir em gestos de amor a Palavra ouvida, porque somente assim, o anúncio do
Evangelho se torna crível, não obstante as fragilidades humanas. Isso, porém, requer,
em primeiro lugar, um conhecimento mais íntimo de Cristo e uma escuta sempre mais
dócil da sua Palavra.
Neste Ano Paulino, o Santo Padre recordou as palavras
do Apóstolo: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho”, fazendo votos de que todas as
comunidades sintam cada vez mais forte esta aspiração de Paulo como vocação ao serviço
do Evangelho para o mundo.
No início dos trabalhos sinodais, Bento XVI havia
recordado as palavras de Jesus: “A messe é grande”! Jamais devemos nos esquecer disso,
apesar das dificuldades. Muitas pessoas expressam, muitas vezes sem perceber, o desejo
de encontrar Cristo e o seu Evangelho; muitos querem reencontrar n’Ele o sentido das
suas vidas. Assim, afirmou o Papa, é preciso dar um testemunho claro e compartilhado
de vida, segundo a Palavra de Deus, critério indispensável para verificar a missão
da Igreja.
Enfim, Bento XVI citou as palavras do Concílio Vaticano II: “Os
fiéis devem ter amplo acesso à Sagrada Escritura”, a fim de que, ao encontrarem a
verdade, possam crescer no amor autêntico:
Trata-se de um requisito hoje
indispensável para a evangelização. E, uma vez que o encontro com as Escrituras pode
correr o risco de não ser um ‘fato eclesial’, mas exposto ao subjetivismo e à arbitrariedade,
é necessário uma promoção pastoral robusta e crível do conhecimento das Sagradas Escrituras,
para anunciar, celebrar e viver a Palavra na comunidade cristã, dialogando com as
culturas do nosso tempo, colocando-se ao serviço da Verdade e não das ideologias correntes,
e incrementando o diálogo que Deus quer ter com todos os homens.
Neste
sentido, o Papa chamou a atenção para uma especial preparação dos pastores, predispostos
à necessária ação de difundir a prática bíblica com subsídios oportunos.
Ele
sugeriu, por fim, um maior encorajamento aos atuais esforços para suscitar o movimento
bíblico entre os leigos; a formação dos animadores de grupos, com atenção especial
aos jovens; o esforço de difundir a fé através da Palavra de Deus aos que estão distantes,
especialmente aos que estão sinceramente à busca do sentido da vida. Enfim, o Pontífice
recordou o lugar privilegiado, no qual a Palavra de Deus ressoa e edifica a Igreja:
a Liturgia. E exortou:
Rezemos para que, pela renovada escuta da Palavra
de Deus, sob a ação do Espírito Santo, possa brotar uma autêntica renovação na Igreja
e em todas as comunidades cristãs. Confiemos os frutos desta Assembléia sinodal à
materna intercessão da Virgem Maria. A ela, confio também a II Assembléia Especial
do Sínodo para a África, que se realizará em Roma, em outubro do ano que vem”.
Aqui,
Bento XVI avisou os fiéis presentes na Basílica Vaticana que pretende ir, no mês de
março do próximo ano, à República de Camarões, para entregar aos representantes das
Conferências Episcopais da África, o Instrumentum laboris da sua Assembléia
Especial do Sínodo dos Bispos. De lá, o Papa espera poder ir, se Deus quiser, à República
de Angola, para celebrar solenemente seus 500 anos de evangelização. (MT)