Cidade do Vaticano, 25 out (RV) - Os bispos das Igrejas Orientais presentes
na congregação geral do Sínodo, na tarde desta sexta-feira, leram para o Santo Padre
um apelo em favor da paz na região.
No texto, os prelados agradecem ao papa
por seus reiterados apelos em favor dos irmãos e irmãs orientais. "Estamos abalados
com os sofrimentos de tantas pessoas no Oriente: crianças e jovens, pessoas em dificuldade
extrema devido à idade, à saúde e às necessidades espirituais e materiais essenciais;
famílias no desconforto sempre maior, em relação ao presente e ao futuro. Sentimos
o dever de nos fazermos intérpretes de suas justificadas expectativas por uma vida
digna, no contexto de uma profícua convivência social."
O apelo se refere,
em especial, à Terra Santa, ao Líbano, ao Iraque e à Índia, para os quais os bispos
pedem paz na justiça e, conseqüentemente, uma efetiva liberdade religiosa. "Somos
solidários para com os que sofrem por causa da fé cristã, assim como todos os fiéis
que não podem exercer seu credo; e homenageamos os cristãos que recentemente perderam
a vida, por fidelidade ao Senhor."
Os padres sinodais do Oriente fazem três
pedidos: aos cristãos e todos os homens de boa vontade, para que pratiquem o respeito
e o acolhimento do outro, na vida cotidiana, fazendo-se próximos àqueles que passam
por dificuldades, estejam eles próximos ou distantes.
Aos pastores e aos responsáveis
religiosos, os bispos do Oriente pedem que preguem e favoreçam essa atitude de respeito,
apoiando e multiplicando as iniciativas de mútuo conhecimento, de diálogo e de socorro.
E à comunidade internacional e aos governantes, para que garantam, no que diz respeito
à legislação, a verdadeira liberdade religiosa, com a superação de toda e qualquer
discriminação, e com a ajuda às pessoas obrigadas a deixar a própria terra por motivos
religiosos.
"Cristo é a nossa paz": esta Palavra divina _ afirmam os bispos
_ é portadora de conforto e de esperança, e impulsiona a buscar novas vias de paz,
que encontram eficácia na bênção de Deus. "Que este humilde, mas forte apelo, depositado
nas mãos do Santo Padre, seja o primeiro passo para a paz" _ escrevem.
O apelo
é assinado por doze bispos do Oriente, pelo cardeal-secretário de Estado, Tarcisio
Bertone, pelo prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, Cardeal Leonardo
Sandri, e pelos três presidentes-delegados do Sínodo, entre eles o arcebispo de São
Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer.
Entretanto, continua sempre mais dramática
a situação da minoria cristã no Iraque. Mas qual é a expectativa dessas comunidades
eclesiais? O que esperam e desejam? Eis o apelo do patriarca de Babilônia dos Caldeus,
Cardeal Emmanuel III Delly...
Cardeal Emmanuel III Delly:- "Queremos o apoio
moral dos responsáveis de todo o mundo, para que façam tudo o que for possível, a
fim de dar paz e tranqüilidade ao nosso país. Sou contrário ao fato que se peguem
as pessoas _ os cristãos, os fiéis _ do Iraque, e se coloquem em outros países. Não
queremos o Iraque vazio de cristãos. Os cristãos são originários daquele território
e são um elemento essencial do povo iraquiano. Portanto, mandá-los embora do Iraque,
levando-os para outros países, não é uma boa solução. O que nos falta não é a riqueza
_ porque o país é muito rico, ainda que o povo seja muito pobre _ o que nos falta
é paz e tranqüilidade. O que todos os responsáveis pelos destinos das potências ocidentais
e também os responsáveis pelo Iraque podem fazer, é conduzir-nos novamente à paz e
à tranqüilidade: isso é o que nos falta. Antes, ninguém se havia interessado pelo
Iraque, mas desde que se sabe que o país é rico, todo mundo se preocupa com ele. Se
fosse um país paupérrimo, ninguém queria saber como vai o Iraque. Eu gostaria de agradecer,
porém, de coração, a todos os povos que nos têm ajudado com seu apoio moral e também
material." (BF/AF)