ENCONTRO NO VATICANO: "CRISE FINANCEIRA CRIA ABISMOS ENTRE PAÍSES RICOS E POBRES"
Cidade do Vaticano, 24 out (RV) - A crise financeira cria abismos entre Países
ricos e pobres e a Santa Sé faz sua a denúncia do grupo de especialistas convocados
ontem no Vaticano: também as ajudas ao desenvolvimento, em si, são na realidade investimentos
que beneficiam somente quem o faz, um princípio que deve ser revertido o quanto antes,
se se deseja voltar a uma “economia com ética” e relançar um “desenvolvimento real”.
Em
vista do próximo encontro entre os líderes mundial em Doha, no Catar, sobre o financiamento
ao desenvolvimento, o Pontifício Conselho da Justiça e da Paz convocou uma dezena
de peritos mundiais. “As intervenções dos países do Norte do mundo, aqueles ricos
que deveriam apoiar o desenvolvimento dos Países do Sul, aqueles pobres – foi dito
durante o encontro realizado a portas-fechadas, segundo quanto refere o jornal L’
Osservatore Romano – são no fim, financiamentos dos países do sul em favor daqueles
do norte.
O motivo é simples, como destacaram os especialistas: o que é produzido
com o financiamento externo não permanece no país onde foi feita o interevenção, e
não entra no seu sistema econômico, mas é englobado no ciclo de produção do país financiador.
E o resultado é notável, pois é um investimento produtivo. Para cada euro investido,
por exemplo, há um retorno de oito euros. Mas quem lucra com isso é somente o país
financiador”.
“Um mecanismo que não tem nada a ver com os projetos de financiamento
para o desenvolvimento – escreve o jornal l'Osservatore romano – e que é difícil derrotar.
Basta pensar que os acordos assinados seis anos atrás ainda não foram aplicados”.
“Em Monterrey, seis anos atrás foram proferidas muitas belas palavras – escreve ainda
o jornal vaticano – mas na realidade, as ações foram muito poucas”.
Do Pontifício
Conselho da Justiça e da Paz eleva-se então um apelo aos Governos, recordando a eles
a “responsabilidade ética e moral” assumida com o ‘Monterrey consensus’. “Somente
nesta ótica – disse o cardeal Martino, presidente do organismo vaticano – Doha poderá
dar os resultados esperados”. (SP)