SINODO 2008 : Mensagem do Sínodo dos Bispos ao povo de Deus, na conclusão
da XII assembleia geral ordinária
(24/10/2008) A Mensagem final da XII assembleia-geral ordinária do Sínodo dos Bispos,
a decorrer no Vaticano, foi tornada pública esta Sexta-feira. Os delegados dos episcopados
católicos de todo o mundo defendem a presença da Bíblia nas famílias, nas escolas
e no mundo da cultura, utilizando também a “comunicação informática, televisiva e
virtual”. O texto, divulgado pela página oficial do Sínodo, divide-se em quatro
capítulos (A voz da Palavra: a Revelação; o rosto da Palavra: Jesus Cristo; a casa
da Palavra: a Igreja; as estradas da Palavra: a missão) e 15 pontos. “A Bíblia
deve entrar nas famílias, para que os pais e os filhos a leiam, rezem com ela e esta
seja para elas uma luz para os passos no caminho da existência”, pode ler-se. Os
Bispos reunidos no Vaticano destacam que “as Sagradas Escrituras devem entrar também
nas escolas e nos âmbitos culturais, porque foram durante séculos a referência capital
da arte, da literatura, da música, do pensamento e da própria ética comum”. “A
sua riqueza simbólica, poética e narrativa torna-a uma bandeira da beleza, seja para
a fé seja para a própria cultura, num mundo muitas vezes desfigurado pela brutalidade
e as porquidões”. A Mensagem sinodal é dirigida a todos os católicos, em particular
aos “pastores”, aos “muitos e generosos catequistas” e a quantos orientam a Igreja
“na escuta e na leitura amorosa da Bíblia”. Os padres sinodais consideram que
o texto bíblico “apresenta também o sopro de dor que sai da terra, vai ao encontro
dos oprimidos e do lamento dos infelizes”, por ter no seu cume “a cruz onde Cristo,
só e abandonado, vive a tragédia do sofrimento mais atroz e da morte”. Os fiéis
são convidados a “guardar a Bíblia” nas suas casas, para que “leiam, aprofundem e
compreendam plenamente as suas páginas”, transformando-as em “oração e testemunho
de vida” e deixando espaços de “silêncio” neste processo. Para evitar o “fundamentalismo”,
refere o texto, “cada leitor das Sagradas Escrituras, mesmo o mais simples, deve ter
um conhecimento proporcional do texto sagrado, recordando que a Palavra de revestiu
de palavras concretas”, para “ser audível e compreensível para a humanidade”. Olhar
ecuménico A mensagem recorda os “irmãos e irmãs das outras Igrejas e comunidades
cristãs” que caminham nas mesmas “estradas do mundo” e que apesar das separações visíveis
“vivem uma unidade real, ainda que não plena, através da veneração e do amor pela
Palavra de Deus”. Neste contexto, o Sínodo lembra os “homens e mulheres de outras
religiões que escutam e praticam fielmente os ditames dos seus livros sagrados e que,
connosco, podem edificar um mundo de paz e de luz, porque Deus quer que «todos os
homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade»”. O presidente da Comissão
para a Mensagem, Arcebispo Gianfranco Ravasi, considera que o texto é de “largo fôlego,
com um certo pathos, para fazer com que não seja só um documento teológico”.
Estrutura A mensagem recorre a quatro “pontos cardeais”, que correspondem
aos seus capítulos. Em primeiro lugar, “a voz divina” que “ressoa desde as origens
da criação”, e entra depois “na história ferida pelo pecado e sacudida pela dor da
morte”. Em segundo lugar surge “o rosto”, ou seja, Jesus Cristo, que “torna perfeito
o nosso encontro com a Palavra de Deus” e revela o “sentido pleno e unitário das Sagradas
Escrituras”. Seguidamente, “a casa da Palavra Divina”, a Igreja, que se ergue sobre
quatro colunas: o ensino, a fracção do pão, a oração e a comunhão fraterna. O
último ponto refere-se à “estrada pela qual caminha a Palavra de Deus”. “A Palavra
de Deus deve percorrer as estadas do mundo”, incluindo “a comunicação informática,
televisiva e virtual”, apontam os Bispos. “Esta nova comunicação adoptou, em relação
à tradicional, uma gramática expressiva específica, pelo que é necessário estar bem
munidos, não só tecnicamente, mas também culturalmente para esta tarefa”, diz a Mensagem
final do Sínodo.