2008-10-24 13:44:26

Concluiu-se em Bruxelas a Conferência europeia islamo-cristã


(24/10/2008) A Europa tem o dever de divulgar a reconciliação e a paz no mundo. Um impulso essencial neste sentido pode chegar da colaboração entre os cristãos e os muçulmanos na Europa. Foi o que sublinhou o cardeal francês Jean-Pierre Ricard, arcebispo de Bordeaux e vice-presidente do Conselho das Conferências Episcopais Européias (CCEE), que explicou aos jornalistas os elementos essenciais para uma colaboração entre cristãos e muçulmanos, discutida na reunião efectuada nos dias passados em Bruxelas.
Começou por usar palavras claras sobre o que é a Europa: “Nós acreditamos que a Europa é mais do que uma aventura económica . Papa nós é um projecto espiritual historicamente ligado a um desejo de reconciliação após duas guerras mundiais”.
O objectivo da unidade dos povos na Europa está baseado na convicção de que o conflito entre culturas diferentes não resolve nada, ou melhor, complica os problemas. O projecto europeu – continuou o cardeal Ricard – mostra que os rancores históricos podem ser superados e que a reconciliação é possível.
Do mesmo parecer é o presidente da Conferência das Igrejas na Europa, KEK, o pastor protestante Jean Arnold De Clermont, que sublinhou o papel fundamental do diálogo intercultural na Europa. Um diálogo que não pode deixar de lado o elemento espiritual. “Não podemos imaginar uma Europa fechada em si mesma quando a sua cultura se construiu nos séculos graças á troca de ideias e de recursos”, acrescentou.
Em nome dos representantes muçulmanos, falou Franco Bertamé, responsável pela menor comunidade islâmica da Europa, a de Luxemburgo, que conta 2 mil muçulmanos.
“A característica do encontro é a possibilidade não de falar um do outro, mas de falar com o outro”, disse Bertramé, que acrescentou: “Para o Islão, não há alternativa: preferimos o diálogo ao silêncio”.
A RV enviou a Bruxelas o colega Mario Galgano do programa alemão, que acompanhou o encontro. Ele conversou com o xeque David Munir, da mesquita de Lisboa. Segundo ele, um dos maiores desafios para a boa convivência dos muçulmanos no ocidente é a escassez de informações sobre o Islamismo…………… RealAudioMP3
“Cristãos e muçulmanos – lê-se no documento final – estão chamados a trabalhar lado a lado, no modo mais oportuno, colaborando com o Estado de que fazem parte, sem contudo serem servis em relação aos respectivos governos.” Não confinar, portanto, a religião na esfera íntima das pessoas, nem aceitar que se queira fazer “renunciar à própria identidade religiosa,”, através, por exemplo, da “proibição de usar ou expor publicamente símbolos religiosos ou a supressão de festividades religiosas com o pretexto de que tudo isso possa ferir a sensibilidade dos outros crentes ou ir contra os princípios de um Estado secular”.
Reafirmado o “princípio de integração”: cristãos e muçulmanos, na sua qualidade de cidadãos e de homens de fé, “oferecem o seu testemunho para que o ser humano descubra a própria identidade através da relação com Deus”. “O que leva a reafirmar – lê-se ainda na Declaração – a importância do papel vital da família, da dignidade humana, da justiça social, do cuidado do ambiente”, assim como a “condenação do uso da violência em nome da religião”.
Para favorecer o conhecimento mútuo, os signatários propõem também “a abertura das igrejas e das mesquitas aos visitantes de outras comunidades, assim como encontros académicos”. “Somos chamados a construir pontes entre as culturas e as crenças – conclui o documento – e a Europa está chamada a ser um laboratório de aprendizagem tanto para os cristãos como para os muçulmanos”.

Reforçou-se portanto “a relação com os muçulmanos”, projecto cultural que abrange a todos e ao qual a Igreja católica entende continuar a oferecer o seu contributo – assegurou ontem, em Bruxelas, o padre Piotr Mazurkiewicz, novo secretário geral da Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia (COMECE), no seu primeiro encontro com os jornalistas na sede da mesma. Padre Mazurkiewicz prepara-se para coordenar a actividade deste organismo da Igreja Católica na Europa, presidido pelo bispo de Roterdão, Adriannus van Luyn.
“A COMECE – explicou o novo Secretário – tem a tarefa de informar correctamente as Igrejas europeias sobre a actividade das instituições, referindo por sua vez, também correctamente, às instituições europeias o pensamento das mesmas Igrejas, assegurando deste modo, no respeito e autonomia de umas e de outras, uma relação de cooperação perante as diversas exigências dos cidadãos”.








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