CARDEAL MARADIAGA APRESENTA SEU LIVRO INTITULADO "A CORAGEM DE FAZER-SE AO LARGO"
Cidade do Vaticano, 24 out (RV) - "Globalizar a solidariedade", restituindo
centralidade ao ser humano e à dimensão ética na vida social e política.
Nestes
tempos em que a globalização alimenta o abismo entre ricos e pobres, e se faz surda
às necessidades daqueles que são esmagados pela miséria e pela marginalização, esse
é o antídoto contra a desumanização da sociedade. É o que pensa o cardeal-arcebispo
de Tegucigalpa, Honduras, Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, presidente do Episcopado
hondurenho, autor da obra "A coragem de fazer-se ao largo", publicada pela Livraria
e Editora Vaticana, e apresentada nesta quinta-feira, em Roma.
Trata-se de
um livro que traz uma coletânea de escritos do purpurado, sobre temas sociais, ético-culturais,
espirituais e pastorais, nos quais, à denúncia das injustiças sociais, o Cardeal Maradiaga
une o convite ao diálogo, para anunciar o Evangelho, com espírito de caridade, mas
sem aceitar conchavos.
"Um livro repleto de espírito evangélico" _ comentou
o presidente do Pontifício Conselho "da Justiça e da Paz", Cardeal Renato Raffaele
Martino, na apresentação do volume, sublinhando "a urgência de retomar o conceito
de desenvolvimento integral e solidário, na perspectiva do bem comum".
Eis
o que nos disse o próprio cardeal, acerca de sua obra...
Cardeal Rodríguez
Maradiaga:- "Aquelas palavras que nos foram ditas por João Paulo II não se perderam
no mar; elas são uma força muito grande para a nova evangelização, para levar a mensagem
do Evangelho ao coração da humanidade, para lutar pela justiça social e para ter um
mundo envolvido na paz e no amor. Portanto, é preciso ter coragem."
P. Uma
exortação que se une ao convite a restituir centralidade à ética, na vida social e
política...
Cardeal Rodríguez Maradiaga:- "Eu digo que é preciso
retornar à ética, mas não como algo estranho, fora da pessoa, e sim dentro de cada
um de nós. E quando soubermos responder a partir dessa perspectiva, então o mundo
poderá ser melhor."
P. Um apelo que, diante da atual situação econômica
mundial, é dirigido em particular aos países ricos...
Cardeal Rodríguez
Maradiaga:- "É interessante que as soluções se queiram encontrar para os mais
ricos, isto é, para todas aquelas instituições que fazem de tudo para salvar a si
mesmas. Porém, quando se realizou o encontro de cúpula da FAO (Organização das NN.
UU. Para a Alimentação e a Agricultura) não havia dinheiro para aliviar a fome do
mundo: é paradoxal! Portanto, é necessário refletir e buscar colocar verbas à disposição
dos pobres, e não apenas das grandes instituições financeiras."
P. Como
resolver o problema da dívida?
Cardeal Rodríguez Maradiaga:- "Empenhando-se,
antes de tudo, a reconhecê-la, porque alguns não pensam nisso; pensam somente que
seja uma questão de dinheiro, de pagar e de pedir... Ao invés, se trata se pensar
que a economia é feita para o Homem e não o Homem para a economia! Tanto é verdade,
que devemos empenhar-nos sempre mais em humanizar a sociedade."
P. Quando,
ao invés, a política está a serviço do cidadão?
Cardeal Rodríguez Maradiaga:-
"Quando, sobretudo, se pensa em função do bem comum, quando não se pensa apenas
no próprio grupo ou no próprio partido, mas quando pensamos que, uma vez que o político
chega ao poder, não é um partido que chegou, mas sim toda a Nação, e se deve pensar
no bem de todos."
P. Que mensagem enviar aos milhares de cristãos perseguidos
no mundo?
Cardeal Rodríguez Maradiaga:- "Encontramos na história
da Igreja, desde os seus primórdios, que o Senhor nos disse: "Não tenham medo porque
vocês serão perseguidos!" Portanto, é preciso fortalecer a fé e andar avante, com
a ajuda do Senhor." (AF)