Apresentado o relatório 2008 - liberdade religiosa no mundo.
(24/10/2008) Mais de 60 países em todo o mundo violam “gravemente” a liberdade religiosa.
O número é lançado no “Relatório 2008 - Liberdade Religiosa no Mundo”, publicado pela
organização católica internacional Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). Segundo a publicação,
com mais de 600 páginas, os casos mais dramáticos no período estudado registaram-se
na Índia, Paquistão, Arábia Saudita e Eritreia, nações onde a liberdade de culto é
negada de maneira mais violentas e nas quais os crentes são perseguidos, nalguns casos
até à morte. Esta nova edição do "Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo"
retrata uma situação crítica, a nível mundial, da liberdade de culto. Os conflitos
militares, o terrorismo e as ditaduras contribuíram, entre outras causas, para as
situações mais alarmantes. O relatório analisa a situação da liberdade religiosa
em cada país, com base nos testemunhos de representantes da Igreja local, documentos
oficiais, artigos de agências de notícias e outros media especializados em assuntos
religiosos, bem como nas informações fornecidas por organizações de direitos humanos.
O estudo assinala que a perseguição religiosa está a aumentar em todo o mundo.
O presidente da AIS, Pe. Joaquín Alliende, frisou no lançamento do relatório, em Roma,
que “sem liberdade religiosa não há democracia nem paz no mundo”. O sacerdote
chileno declarou que a obra “responde a uma necessidade cada vez mais sentida pela
opinião pública de conhecer a situação real dos direitos humanos em geral, e da liberdade
religiosa em particular, como direito inalienável de todo o ser humano”. O presidente
da AIS destaca o carácter “não-confessional” do relatório, que não analisa apenas
a situação dos católicos. Entre as principais preocupações apresentadas, está
a da Índia, que piorou nos últimos anos, apesar de a Constituição reconhecer a liberdade
religiosa. “Trata-se de uma perseguição que é aproveitada e financiada por pessoas
que querem manter a população ao nível da escravidão”, explicou na conferência de
imprensa o Pe. Bernardo Cervellera, director da agência AsiaNews e um dos redactores
do relatório. O estudo analisa também a situação no Iraque, onde desde finais
de Setembro duas mil famílias cristãs tiveram de abandonar Mossul. Lista negra No relatório é apresentada uma lista de países nos quais se registaram “graves
limitações à liberdade religiosa”. Entre eles encontram-se a China, Cuba, Coreia do
Norte, Irão, Nigéria, Myanmar (ex-Birmânia), Laos, Arábia Saudita, Paquistão e Sudão.
Em seguida, consta uma lista de países nos quais se verificam “limitações legais
à liberdade religiosa”, entre os quais se encontram Afeganistão, Argélia, Bahrein,
Bangladesh, Bielorrússia, Bolívia, Egipto, Eritreia, Terra Santa (Israel e os territórios
palestinos) e México. A AIS fala ainda de países nos quais se registaram episódios
de “repressão legal” e de países nos quais se registaram conflitos locais, analisados
já noutras secções. Segundo o Pe. Cervellera, um dado interessante a reter é que
as violações à liberdade religiosa “se devem cada vez menos a causas ideológicas e
cada vez mais a motivos de poder”. Nalguns casos, como por exemplo na China, “o
receio de abrir-se à liberdade de culto coincide com o temor de deixar espaços a outras
liberdades”.