BENTO XVI: DIPLOMACIA E DIÁLOGO SÃO OS MEIOS PARA ACABAR COM OS CONFLITOS E RESTABELECER
A PAZ
Cidade do Vaticano, 21 out (RV) - O recurso à diplomacia como método para acabar
com as tensões em situações de conflito é um valor sempre necessário, tanto no presente
quanto no passado e, certamente, também no futuro. E são muitos os exemplos ilustrativos,
um dos quais aconteceu há exatamente 30 anos, quando uma disputa entre Argentina e
Chile pôde contar com um mediador do porte de João Paulo II.
É o que recorda
Bento XVI, na mensagem enviada aos participantes das Jornadas sobre os frutos da paz,
organizadas pela Universidade Católica Argentina.
Lennox, Nueva e Picton: pela
posse dessas três ilhas, situadas na região da Terra do Fogo, a Argentina e o Chile
chegaram quase às vias de fato, 30 anos atrás.
Situadas na parte sul do Canal
de Beagle, que une o Oceano Atlântico ao Oceano Pacifico, esses três pedaços de terra
foram o pivô de uma disputa que assumiu aspectos sempre mais dramáticos, contrapondo
os dois países que compartilham cinco mil quilômetros de fronteira.
Todavia,
a possibilidade sempre mais iminente de um conflito cedeu lugar ao diálogo e, após
as negociações, se chegou à assinatura de acordos de paz. E tudo isso foi possível
somente graças à mediação de João Paulo II que, poucos meses depois de ter sido eleito
à cátedra de Pedro, se interessou pela causa, enviando à região, como seu representante
especial, o Cardeal Antonio Samoré.
O longo confronto diplomático que se seguiu,
concluiu-se em 1984, com a assinatura, no Vaticano, do Tratado de Paz e Amizade entre
Chile e Argentina.
O que aconteceu trinta anos atrás foi "um exemplo de construção
da paz através do caminho sempre atual do diálogo" _ afirma Bento XVI em sua mensagem,
recordando o episódio que viu como protagonistas, João Paulo II e seu secretário de
Estado, o Cardeal Agostino Casarolli.
"O que foi feito então _ sublinha Bento
XVI _ é útil para chamar a atenção da comunidade internacional" para o fato que, no
âmbito de uma disputa, o diálogo não prejudica os direitos, mas sim amplia "o campo
das possibilidades racionais para a solução de uma divergência".
"Aquela mediação
pontifícia" _ acrescenta o papa _ produziu frutos de paz "até os nossos dias", demonstrando
a necessidade _ então já defendida pelo Papa Wojtyla _ de "continuar a recorrer à
diplomacia e a seus métodos, para garantir a paz, a segurança e o bem-estar", em vista
da edificação da "civilização do amor, da qual João Paulo II foi o profeta, ainda
que nem sempre escutado" _ afirma o Santo Padre.
O diálogo, portanto _ conclui
o pontífice _ tem "como objetivo não a supremacia da força e do interesse, mas sim
a afirmação de uma justiça equânime e solidária, fundamento seguro e estável da convivência
entre os povos". (AF)