Em Pompeia compreende-se que são inseparáveis o amor a Deus e o amor ao próximo: Bento
XVI neste santuário de Nossa Senhora do Rosário
(19/10/2008) Bento XVI deslocou-se este domingo em visita pastoral ao santuário mariano
de Pompeia, onde ao meio da manhã celebrou a Santa Missa na praça exterior do Santuário. No
final da celebração o Papa dirigiu uma súplica à Virgem e ofereceu uma “Rosa de Ouro”,
seguindo-se a recitação do Angelus. Na homilia da Missa o Papa começou por explicitar
a razão próxima da sua peregrinação ao santuário de Nossa Senhora de Pompeia: “confiar
à Mãe de Deus… a Assembleia do Sínodo dos Bispos, em curso no Vaticano, sobre a Palavra
de Deus na vida e missão da Igreja. Recordou também o Dia Mundial das Missões, que
se celebra neste domingo: “contemplando em Maria Aquela que acolheu em si o Verbo
de Deus e o deu ao mundo, rezaremos nesta missa por todos os que na Igreja gastam
as suas energias ao serviço do anúncio do Evangelho em todas as nações”. Nas
saudações dirigidas às autoridades e aos variados grupos de fiéis que integravam a
assembleia, Bento XVI não esqueceu (citamos) “as pessoas que sofrem, os doentes, os
idosos que se encontram sós, os jovens em dificuldade, os presos”, e ainda “todos
os que enfrentam difíceis condições de pobreza e de mal-estar social e económico”.
“A todos e a cada um”, o Papa testemunhou o seu “afecto”, assegurando a sua “proximidade
espiritual”.
Comentando as leituras da Missa – do Leccionário da Virgem
Maria, Bento XVI referiu antes de mais o oráculo de Sofonias, com o convite à alegria
dirigido a Israel na pessoa da “filha de Sião”, “filha de Jerusalém”, fazendo notar
que é a mesma saudação que Gabriel dirigiu a Maria, na anunciação. E como o profeta
anunciava “No meio de ti está o Santo de Israel”, assim o arcanjo assegura a Virgem
de que “o Senhor está contigo!”. “A presença do Senhor é fonte de alegria, porque,
onde Ele está, vence-se o mal e triunfam a vida e a paz”. Neste contexto, Bento
XVI recordou ainda a extraordinária expressão de Sofonias, que, dirigindo-se a Jerusalém,
diz: ‘O Senhor te renovará com o seu amor’.”
“Sim, o amor de Deus tem este
poder de renovar todas as coisas a partir do coração humano, que é a sua obra-prima
e onde o Espírito Santo actua do melhor modo a sua acção transformadora. Com a sua
graça, Deus renova o coração do homem, perdoando o seu pecado, reconcilia-o e infunde
nele o impulso para o bem”.
“Tudo isto se manifesta na vida dos santos, e
aqui o vemos particularmente na obra apostólica do bem-aventurado Bártolo Longo, fundador
da nova Pompeia”.
Comentando depois o Evangelho das bodas de Cana, o Papa
sublinhou que o evangelista João apresenta ali simbolicamente Jesus como esposo de
Israel e Maria como “a esposa amada pelo Senhor, isto é, o povo que Ele para si escolheu
para irradiar a sua bênção sobre toda a família humana”.
“O símbolo do vinho,
unido ao do banquete, propõe de novo o tema da alegria e da festa. Além disso o vinho,
como as outras imagens bíblicas da vinha e da videira, alude metaforicamente ao amor:
Deus é o agricultor, Israel é a vinha, uma vinha que encontra a sua realização perfeita
em Cristo”.
Finalmente, uma referência à segunda leitura, da Carta aos Romanos,
em que Paulo esboça o programa de uma comunidade cristã, cujos membros foram renovados
pelo amor e se esforçam por renovar-se continuamente, para discernir cada vez melhor
qual é a vontade de Deus, sem voltar a cair no conformismo da mentalidade mundana”. Neste
contexto, Bento XVI aludiu às obras sociais e assistenciais criadas em Pompeia, “sob
o olhar materno de Maria”. A caridade é – sublinhou - “a característica da civilização
cristã”. “A força da caridade é irresistível: na verdade, é o amor que faz avançar
o mundo!”
“Aonde Deus chega, o deserto floresce! Também o beato Bartolo Longo,
com a sua conversão pessoal, deu testemunho desta força espiritual que transforma
interiormente o homem e o torna capaz de realizar grandes coisas segundo o projecto
de Deus”.
“Neste Ano Paulino – prosseguiu ainda o Papa – apraz-me sublinhar
que também Bartolo Longo, como São Paulo, foi transformado de perseguidor em apóstolo:
apóstolo da fé cristã, do culto mariano e, em particular, do Rosário, no qual ele
encontrou uma síntese de todo o Evangelho”.
“Pompeia é um exemplo de como
a fé pode actuar na cidade do homem, suscitando apóstolos da caridade que se coloquem
ao serviço dos pequenos e dos pobres e actuem para que também os últimos sejam respeitados
na sua dignidade e encontrem acolhimento e promoção. Aqui em Pompeia compreende-se
que são inseparáveis o amor a Deus e o amor ao próximo. Aqui o genuíno povo cristão
, as pessoas que enfrentam a vida com sacrifício, encontram a força de perseverar
no bem sem descer a compromissos”.
Quase a concluir a sua homilia, Bento
XVI recordou ainda que o santuário e a cidade de Pompeia se encontram sempre ligados
a “um singular dom de Maria: a oração do Rosário”. Uma oração que, através de Maria
– sublinhou – “nos conduz a Jesus”.
“O Rosário é oração contemplativa acessível
a todos: grandes e pequenos, leigos e clérigos, cultos e pessoas com pouca instrução.
É vínculo espiritual com Maria para permanecermos unidos a Jesus, para nos conformarmos
a Ele, assimilarmos os seus sentimentos e nos comportarmos como Ele se comportou.
O Rosário é arma espiritual na luta contra o mal, contra toda e qualquer violência,
a favor da paz nos corações, nas famílias, na sociedade e no mundo”.