(17/10/2008) Prosseguem, no Vaticano os trabalhos da assembleia geral ordinária
do sínodo dos bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. Os
253 representantes dos episcopados mundiais, nestes dias concentram a sua atenção
sobre a chamada Relatio post disceptationem, o relatório dos primeiros dias
de trabalho desta XII assembleia geral, que condensa as principais questões levantadas
até agora. Nas conclusões ,apresentadas esta quinta feira assinala-se que todos
têm consciência da “urgência do anúncio do Evangelho e das novas possibilidades de
comunicação que convidam a lançar iniciativas originais para fazer conhecer e amar
Cristo e as Escrituras, favorecer a unidade dos cristãos e contribuir para a justiça
e a paz no mundo”. O relator geral, Cardeal Marc Ouellet, do Quebeque, foi responsável
pela leitura do relatório, que sintetizou as várias intervenções e apresentou algumas
linhas de orientação para os trabalhos dos grupos linguísticos (Círculos menores)
que decorrem nestes dias. O texto começa por destacar o “clima fraterno” em que
se tem desenvolvido o debate em volta do tema da “Palavra de Deus na vida e na missão
da Igreja”. Logo nos primeiros pontos recorda-se um convite de Bento XVI a um
“novo realismo fundado sobre a Palavra de Deus”, num diálogo com Deus e a humanidade.
Outros temas abordados são a “interpretação das Escrituras”, a “dimensão sacramental”
da Bíblia, a sua relação com a vocação e os pobres, bem como a necessidade de valorizar
a função de quem lê nas celebrações litúrgicas. Num dos pontos mais insistentemente
apresentados, assinala-se que “a Palavra de Deus não se identifica simplesmente com
a Sagrada Escritura”, não se devendo esquecer a “Tradição viva da Igreja”. A
síntese prossegue tratando da interpretação e da ligação entre Escritura e vida do
crente, na Igreja. O documento recorda as várias intervenções relacionadas com
a questão das homilias e da arte como “forma analógica de pregação”. Quanto à
relação entre exegese e teologia, é dito que “a aproximação ao texto bíblico, quando
é feita pessoalmente pelo fiel, não pode ser isolada da comunhão e do contexto eclesial”.
Os participantes no Sínodo destacaram, até agora, a importância da Bíblia no diálogo
ecuménico, no encontro com o mundo judaico, no diálogo inter-religioso e no confronto
com as culturas. O último ponto do documento coloca em destaque a urgência de
“tornar a Bíblia disponível em todas as línguas, incluindo as não-escritas” e lembra
as “novas possibilidades de transmissão da Sagrada Escritura” através dos media. Também
nesta sexta feira prosseguem os trabalhos de preparação das propositiones (propostas),
uma espécie de documento conclusivo que os participantes no Sínodo confiam, posteriormente,
ao Papa. As várias propostas são compiladas pelos relatores dos pequenos grupos,
o relator geral e o secretário especial do Sínodo (Arcebispo Laurent Monsengwo Pasinya,
de Kinshasa).