Cidade do Vaticano, 15 out (RV) - O cardeal iraquiano Emmanuel III Delly, patriarca
de Babilônia dos Caldeus, comoveu ontem a platéia na Sala do Sínodo ao apresentar
o dramático quadro da situação dos cristãos em seu país.
O representante da
Igreja caldéia abriu seu discurso autodenominando-se “filho da terra de Abraão”: o
Iraque, hoje “torturado e ensangüentado”.
“A situação em algumas partes do
Iraque é desastrosa e trágica. A vida é um calvário: faltam paz, segurança e o todo
o essencial para a vida cotidiana... não há eletricidade, água, gasolina; a comunicação
por telefone é cada vez mais difícil, as estradas estão interditadas, as escolas fechadas
ou ameaçadas, os hospitais não possuem equipes suficientes... as pessoas têm medo”.
Segundo
o patriarca, todos têm medo. Diariamente, ocorrem seqüestros e muitas vezes, apesar
de pagarem o resgate pedido, as famílias não vêem mais o parente feito refém. “Para
não falar do número cada vez maior de mortos causados por carros-bomba ou kamikazes
com explosivos” – acrescentou dom Delly.
“Para nós - diz o cardeal iraquiano
- viver a Palavra de Deus significa testemunhá-la à custa da própria vida. No passado,
e ainda hoje, bispos, sacerdotes e fiéis se sacrificaram. Muitos ainda permanecem
no Iraque, firmes na fé e no amor a Cristo, graças ao fogo da Palavra de Deus”.
Dezesseis
sacerdotes e dois bispos foram seqüestrados e libertados após o pagamento do resgate,
e alguns deles entraram no grupo de novos mártires que hoje rezam por nós no céu:
o arcebispo de Mossul, dom Faraj Rahho, três sacerdotes, e seis jovens leigos.
O
pronunciamento do patriarca foi muito aplaudido pelo Sínodo, que expressou sua solidariedade
através do presidente delegado da assembléia, o cardeal australiano George Pell. (CM)