O papel das religiões na integração dos jovens imigrantes
(15/10/2008) O papel e o contributo das Igreja para favorecer a integração dos jovens
em contextos de migração, foi o tema de uma palestra proferida esta terça feira
em Bruxelas da sede da fundação Konrad Adenauer, pelo arcebispo Agostinho Marchetto,
secretario do conselho pontifício para a pastoral dos migrantes e itinerantes. Constituem
um terço dos imigrantes os jovens que têm entre 15 e 25 anos e a estes vão juntar-se
os filhos de emigrantes de primeira geração, que se juntaram á família de origem ou
nascidos no país de imigração. Estes jovens – sublinhou o arcebispo Marchetto estão
expostos aos riscos dos seus coetâneos nativos, quando enfrentam os problemas e as
dificuldades ligados ao estudo, ao primeiro acesso ao mundo do trabalho, mas estão
expostos também aos riscos de marginalização e discriminação que pesam sobre as minorias.
Perante esta realidade complexa as Igrejas – disse ainda D. Agostinho Marchetto
– podem oferecer preciosos recursos espirituais, materiais e sociais tendentes a salvaguardar
a identidade cultural e ao mesmo tempo favorecer a integração. Dois aspectos que
em vez de se oporem se entrelaçam, quando muitos jovens emigrantes se tornam de facto
cidadãos de uma nova pátria, na qual decidiram depositar as esperanças de uma vida
melhor, precisamente graças aos recursos que também a adesão religiosa lhes forneceu. Neste
contexto, Dom Marchetto afirmou que, hoje, a melhor contribuição eclesial está certamente
no esforço de criar uma sólida e fecunda cultura do diálogo, em nível ecumênico, inter-religioso
e intercultural. "Com efeito, constata-se que a segunda e a terceira gerações
são caracterizadas por jovens que sofrem uma crise de identidade. Isso pode levar,
em última análise, a discriminações, que provocam, por sua vez, sentimentos contrastantes
com as sociedades locais", analisou Dom Marchetto. Diante dessa situação, a Igreja
Católica sugere, de um lado, um maior conhecimento por parte dos europeus das contribuições
oriundas do exterior à cultura e à civilização européias e, de outro, a reciprocidade
do respeito e a aquisição do saber, das normas e dos costumes que deram à Europa a
sua fisionomia característica. Além disso, o Pontifício Conselho convida a apoiar
os processos de integração, promovendo "a centralidade da pessoa, a defesa dos direitos
do homem e da mulher migrante e os de seus filhos, a tutela e a valorização das minorias,
inclusive dentro da Igreja, a importância do diálogo e a contribuição específica da
migração à paz universal". O secretario do dicasterio Vaticano para a pastoral
dos migrantes fez votos no sentido de que os países da EU favoreçam o sentido de pertença
dos jovens migrantes e adoptem uma politica da cidadania ligada á residência mais
do que á nacionalidade. Nesse âmbito o prelado evidenciou os limites da legislação
italiana lá onde estabelece que os filhos nascidos de pais imigrantes adquirem a sua
nacionalidade e podem pedir a cidadania italiana somente quando atingem os 18 anos,
correndo o perigo de serem expulsos no caso do pedido ser feito com atraso. D.
Agostinho Marchetto salientou a concluir que o único caminho para a integração exige
o envolvimento tantos dos emigrantes como da sociedade civil apostando nos jovens
de segunda geração para criar um mundo mais seguro, acolhedor e multicultural.