SÍNODO: FIDELIDADE À PALAVRA DE DEUS QUANDO SE DEFENDE O OPRIMIDO
Cidade do Vaticano, 14 out (RV) - O bispo-auxiliar e vigário-geral de San Cristóbal
de las Casas, México, Dom Enrique Díaz Díaz, afirmou perante a assembléia sinodal
em andamento no Vaticano, que é preciso ter "fidelidade" à Palavra de Deus quando
se defendem os oprimidos e os que sofrem, e que entre estes últimos estão os indígenas
da América Latina.
Diante dos 253 bispos que participam da XII Assembléia Geral
Ordinária do Sínodo dos Bispos, Dom Díaz recordou que, na V Conferência Geral do Episcopado
da América Latina e do Caribe, realizada em Aparecida, em maio de 2007, os prelados
reiteraram que o serviço pastoral às comunidades indígenas exige anunciar Jesus Cristo
e denunciar as situações de "pecado, as estruturas de morte, a violência e as injustiças
internas e externas".
Os bispos também se comprometeram a fomentar o diálogo
intercultural _ destacou Dom Díaz, acrescentando que teve início uma relação entre
a Palavra e as culturas indígenas, "pois, de certo modo, a Bíblia está muito próxima
a suas concepções e cosmogonias, por causa da cultura rural de ambas".
O prelado
acrescentou que a criação, o conceito de Deus, o sentido da Redenção e da Cruz, e
a vida em comunidade "dão muitas possibilidades para o encontro", porém advertiu que
são culturas diferentes e que, por isso, é necessário caminhar com muito cuidado,
"para não condenar o que não se entende, para esclarecer e dar valor à Palavra Revelada,
evitando destruir culturas e ajudando a encarnar o Evangelho em nossos povos".
Dom
Díaz Díaz lamentou as poucas traduções da Bíblia nos idiomas indígenas e afirmou que,
enquanto a Palavra Revelada "não se tornar palavra viva, escrita em suas culturas
e em suas vidas, será muito difícil que a mesma penetre nos seus corações e se encarne
nesses povos".
O bispo-auxiliar de Potosí, Peru, Dom Ricardo Ernesto Centellas
Guzmán se alinha com esse pensamento. Para ele, a Palavra de Deus e as culturas antigas
e modernas são como mundos separados ou paralelos e, na verdade, são duas realidades
intrinsecamente unidas e que "caminham com orientações totalmente distintas".
Dom
Centellas Guzmán acrescentou que, na América Latina, ao longo dos séculos, as culturas
indígenas caminharam de forma paralela ao processo de evangelização e que hoje, há
"muitos batizados, mas poucos são os evangelizados".
O prelado peruano concluiu,
dizendo que é necessário, ou melhor, urge mostrar ao mundo "uma nova maneira de ser
Igreja". (SP)