FR. PIZZABALLA: "VIOLÊNCIA EM ISRAEL TEM MOTIVAÇÃO SOCIAL, NÃO RELIGIOSA"
Jerusalém, 14 out (RV) - "Na Terra Santa, tudo parece ser culpa da religião,
mas o real motivo desses confrontos não é religioso, é social." É o que afirma o custódio
franciscano da Terra Santa, Fr. Pierbattista Pizzaballa, sobre as violências desses
dias entre judeus e árabes na cidade de Akko.
"Não é a primeira vez nem mesmo
será a última", diz o custódio, que acrescenta: "Em Israel, judeus e árabes nunca
tiveram boas relações. Os árabes sentem-se muitos discriminados pela parte judaica:
menos investimentos, menos possibilidades, menos perspectivas e menos infra-estruturas.
Nessa situação, é normal que ocorram episódios violentos, aos quais segue, normalmente,
uma fase de diálogo".
O Fr. Pizzaballa considera positivos os apelos à reconciliação
feitos pelos dois rabinos-chefes de Israel, Moshe Amar e Yona Metzger. "Foram muito
importantes para restabelecer a calma", disse. Todavia, a cidade continua sendo patrulhada
por centenas de policiais.
No entanto, os dirigentes de várias milícias palestinas
na Faixa de Gaza prometeram vingar os atos violentos em Akko.
Os confrontos
começaram na quarta-feira e o estopim foi a incursão de um carro guiado por um morador
árabe em um bairro majoritariamente judeu, pouco após começar a data mais solene do
calendário judeu, o Yom Kippur (Dia do Perdão), onde fica vetada qualquer atividade
para os judeus e o trânsito é paralisado.
Segundo residentes judeus, o motorista
circulou com música alta no veículo, ação que qualificaram de "ato de provocação"
e que desencadeou uma onda de distúrbios entre as duas comunidades.
Mais de
50 pessoas foram presas, cerca de 100 veículos foram incendiados e 40 comércios atacados.
(BF)