ECOS DO APELO DO PAPA PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA OS CRISTÃOS NA ÍNDIA E IRAQUE
Cidade do Vaticano, 13 out (RV) – Os cristãos indianos de Orissa, Índia, do
Iraque e do Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, estão sempre presentes
nas orações do papa. De fato, no Angelus deste domingo, Bento XVI manifestou, uma
vez mais, sua proximidade espiritual aos fiéis dessas terras marcadas pela violência.
O
Santo Padre dirigiu um pensamento especial à comunidade indiana que, ontem, viveu
um momento de intensa alegria, com a canonização de Santa Afonsa da Imaculada Conceição
_ a primeira santa da Índia.
Todavia, apesar das palavras do pontífice, não
arrefece a onda de violência iniciada em fins de agosto passado. Nas últimas horas,
segundo despachos da agência missionária de notícias AsiaNews, foi incendiada uma
igreja próxima de Bangalore. O balanço dos ataques dos fundamentalistas hinduístas
é sempre mais dramático: 61 mortos, 18 mil feridos e 181 igrejas danificadas ou destruídas,
às quais se somam 4.500 casas de cristãos incendiadas.
A terrível situação
dos cristãos de Orissa no testemunho do bispo de Sambalpur, Dom Lucas Kerketta: Dom
Lucas Kerketta:- "As pessoas ainda têm medo. Minutos atrás veio até aqui um dos
párocos. Há um templo naquela área, onde se realizou uma grande celebração, durante
a qual foi lançada uma mensagem para que as aldeias e as igrejas nas imediações sejam
atacadas. As pessoas estão literalmente assustadas e nós esperamos que esses ataques
não aconteçam."
P. Ontem, o papa reiterou seu apelo em favor da paz e do
diálogo para proteger os cristãos de Orissa. Qual a importância desse apelo para a
sua comunidade?
Dom Lucas Kerketta:- "Isso é bom! É o único modo
para estar com as pessoas, porque a minha comunidade está toda dispersa e nós devemos
viver com eles. Portanto, este diálogo é importante. No momento, temos problemas com
essa gente. Depois do assassinato de um líder hinduísta, essas pessoas se tornaram
violentas, não escutam ninguém e, em algumas áreas, sequer aceitam o diálogo. Com
outras, porém, assim como com outras denominações hinduístas, temos um diálogo e estamos
buscando promover encontros de paz. Isso continua sendo feito."
P. Portanto,
ainda que a situação permaneça tensa, o senhor acha que o diálogo ainda seja possível
e a Igreja está trabalhando nesse sentido...
Dom Lucas Kerketta:- "Sim,
é possível e nós devemos tentar, porque não existe outra saída. E procuramos fazê-lo
até mesmo com o desenvolvimento e com as atividades sociais. Nós estamos buscando
envolver nesse diálogo todo o grupo, até mesmo os hinduístas. Portanto, naquela área,
estamos conseguindo manter um diálogo."
O apelo feito no Angelus deste domingo,
por Bento XVI, tinha como objeto também os cristãos do Iraque. Apelo que foi assumido
pela "Pax Christi Italia" que, numa sua nota, sublinha "o grito de dor do povo iraquiano
e a desesperada situação dos cristãos" no Iraque, enquanto prosseguem as violências
que obrigam milhares de pessoas a fugir. Não se observa uma melhora na tensão, apesar
de o Governo iraquiano ter constituído um comitê de emergência na localidade de Mosul,
para garantir a proteção da comunidade cristã local que, ontem perdeu outro de seus
membros, assassinado. Podemos falar, então, de uma verdadeira perseguição? Eis o que
nos responde o visitador apostólico para os fiéis caldeus na Europa, Pe. Philip Najim:
Pe. Philip Najim:- "Sim, o problema desses atentados hoje, contra os
cristãos do Iraque, são as forças obscuras que querem acabar com a unidade nacional.
Nós temos necessidade, agora, de unidade. Devemos permanecer juntos, para poder alcançar,
através de uma via, a meta da paz no Iraque."
P. Mas por que os cristãos
no Iraque são tão incômodos?
Pe. Philip Najim:- "Na verdade, não
é uma questão apenas dos cristãos no Iraque, porque tentaram criar um conflito também
através de outras Igrejas que existem no Iraque. O motivo de tudo isso é que querem
criar o caos, querem criar obstáculos ao processo de paz, querem destruir a unidade
do país. Essas divisões antes não existiam, mesmo historicamente. Todos somos iraquianos,
todos vivemos no Iraque, todos construímos juntos o Iraque, qualquer que seja a nossa
fé. Cada um é livre de professar a própria fé, mas no final permanece esta nacionalidade
iraquiana, que contribuiu para construir o Estado. A comunidade internacional deve
intervir e ajudar a dignidade humana, ajudar para que o povo iraquiano reconquiste
sua identidade, sua dignidade e seu direito à vida, uma vida melhor."
P.
Padre, em que condições estão vivendo os milhares de cristãos em fuga no Iraque?
Pe.
Philip Najim:- "Em condições muito difíceis. Milhares e milhares de cristãos estão
alojados em mosteiros, conventos e igrejas no Norte do país; nossos bispos e sacerdotes,
e nossos religiosos abriram suas portas, para acolher esses cristãos e para satisfazer
suas necessidades. A situação deles, hoje em dia, é dramática e amarga."
P.
E qual seria a riqueza que os cristãos poderiam oferecer para o futuro do Iraque?
Pe.
Philip Najim:- "Os cristãos, com seus irmãos muçulmanos, como disse reiteradas
vezes o Santo Padre, viveram juntos por 14 séculos, por isso continuarão a contribuir
_ através de sua capacidade e presença _ para a construção de um Iraque melhor, de
um futuro melhor, de um Iraque de paz e prosperidade." (AF)