2008-10-11 12:45:22

SÍNODO: PATRIARCA LATINO DE JERUSALÉM FAZ APELO EM PROL DOS CRISTÃOS DA TERRA SANTA


Cidade do Vaticano, 11 out (RV) - O Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal, disse ontem durante os trabalhos do Sínodo dos Bispos que se realiza no Vaticano, que o conflito palestino-israelense dificulta a leitura e a compreensão da Bíblia, já que os cristãos árabes têm dificuldades para ler o Antigo Testamento.

“Essa dificuldade não está enraizada na Palavra de Deus, mas sim nas interpretações ideológicas e políticas”, precisou Dom Twal diante de mais de 250 bispos de todo o mundo que participam da XII Assembléia Sinodal.

O arcebispo jordaniano, de 68 anos, fez um apelo durante seu discurso em favor da Terra Santa e pediu “orações e solidariedade”. Pediu ainda mais peregrinações a fim de ajudar os habitantes desta terra a serem testemunhas de Cristo, a partir de Jerusalém, da Judéia e Samaria, até os confins da terra.

Em várias ocasiões Bento XVI expressou sua preocupação pela diminuição do número de cristãos na Terra Santa, por causa, entre outras, da falta de segurança que vivem na região, e afirmou que os Lugares Santos correm o perigo de se transformarem em “áreas arqueológicas, sem vida eclesial”.

Segundo dados de 2006 do deputado palestino Bernard Sabella, os cristãos palestinos são apenas 150 mil.

Durante os trabalhos de ontem do Sínodo discursou também o Patriarca de Antioquia da Igreja Greco-Melquita (católica de rito oriental, com sede em Damasco), Gregorio III Lahamb, que falou sobre o tema do diálogo inter-religioso e exigiu o direito dos cristãos a comunicarem a Boa Nova aos demais, o que não significa que peçam aos outros que abracem o cristianismo, “já que a conversão é obra de Deus”.

O Patriarca expôs a situação dos cristãos numa área, como a sua, onde são minoria e o islã é maioria e os problemas que os cristãos encontram para o seu trabalho.

“Não existe um monopólio da Palavra de Deus, ela é tanto nossa como do outro”. O mundo muçulmano tem medo de nossas pregações e nós pedimos a eles que reconheçam o direito de levar a Boa Nova a todos, com amor e respeito pela sua fé, disse Dom Gregorio III Lahamb.

O líder religioso greco-melquita acrescentou: “não lhes pedimos que abracem a nossa fé, nos basta que eles possam descobri-la, estimá-la e respeitá-la”. O patriarca de Antioquia dos Greco-melquitas, Gregorio III Laham sugeriu ainda a organização de um "fórum sobre a Palavra de Deus", no qual cristãos e muçulmanos possam encontrar-se, discutir e meditar.

Nos trabalhos de ontem também discursou o bispo Anton Justs, de Jelgava, Letônia, que emocionou muitos padres sinodais ao contar a situação na qual viveram os católicos durante o regime comunista.

Dom Justs contou a história do sacerdote Viktor, que foi condenado a dez anos de trabalhos forçados na Sibéria por possuir uma Bíblia e negar-se a pisoteá-la, quando lhe ordenaram. “Aos olhos dos agentes soviéticos a Bíblia era um livro contra-revolucionário”, destacou Dom Justs. O bispo disse ainda que na Letônia durante a era Soviética não era permitido imprimir livros religiosos, Sagradas Escrituras ou catecismos.

A razão era a seguinte: “Se a Palavra de Deus não está escrita, não existe nenhuma religião. Nosso povo fez como os primeiros cristãos, aprendeu de memória as Sagradas Escrituras”, finalizou dom Justs. (SP)







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