PRESIDENTE ITALIANO FALA SOBRE A VISITA DE BENTO XVI AO QUIRINAL
Roma, 11 out (RV) - Passada uma semana da visita do Papa Bento XVI ao Quirinal
- sede da presidência da República Italiana -, na festa de São Francisco de Assis,
Patrono da Itália, o presidente da República italiana Giorgio Napolitano, concedeu
uma entrevista exclusiva à Rádio Vaticano, ao Jornal L’Osservatore Romano e ao Centro
Televisivo Vaticano.
O Chefe de Estado italiano recordou o encontro com o
Papa e se deteve sobre temas de atualidade em nível nacional e internacional. Recordou
ainda a contribuição dos católicos à vida política e institucional italianas. Antes
da entrevista, realizada numa sala do Quirinal na presença do embaixador italiano
junto à Santa Sé Antonio Zanardi Landi, o presidente Napolitano saudou o diretor da
Rádio Vaticano e do Centro Televisivo Vaticano padre Federico Lombardi e o diretor
do L’Osservatore Romano, prof. Gian Maria Vian.
Falando sobre o que representou
a visita de Bento XVI ao Quirinal, para ele como Chefe de Estado e para o povo italiano,
o Presidente Napolitano, afirmou que a mesma, antes de tudo “confirma, de modo simbólico
e visível a profundidade do relacionamento existente entre a Igreja católica e a nação
italiana”. Citando em seguida os conteúdos dos discursos feitos em público e no colóquio
privado, o presidente italiano disse que agradece ao Santo Padre pela extrema cordialidade
e abertura, acrescentando que aquele dia 4 de outubro no Quirinal, foi também sinal
de importante assonância, de afinidade, de preocupação e de vontade para responder
aos múltiplos temas de atualidade, expressos seja pela Igreja, pela Santa Sé, seja
pelo Estado Italiano. Temas de caráter internacional, de caráter social, civil e moral.
O Presidente Napolitano não deixou de tocar no tema da “emergência educativa”,
recolhendo uma expressão – disse ele - do Santo Padre, e que para muitos tem grande
fundamento. “Se queremos falar de sujeitos, diria que a educação é uma responsabilidade
que chama em causa todos, cada um no seu específico papel e na sua autonomia: falo
de sujeitos que são a Igreja Católica, na mais rica ramificação da sua capacidade
de comunicação e de guia espiritual; do Estado italiano, em primeiro lugar através
da escola pública; e falo também de uma responsabilidade do mundo da cultura, de uma
responsabilidade sempre mais relevante do mundo da informação”.
Se nos perguntássemos
como deveria se realizar essa colaboração – destaca o presidente italiano – creio
que devemos reconhecer em um quadro de esforços e compromissos convergentes alguns
objetivos: a cultura e a prática da legalidade, rejeição à violência, um renovado
sentido do bem comum e do dever cívico, chamamento aos valores espirituais, ideais
e morais contra as sugestões da corrido ao dinheiro e ao supérfluo, do exibicionismo,
da avidez e do egoísmo sem escrúpulos. Tudo isso requer verdadeiramente um grande
compromisso de todos em direção desses grande objetivos comuns.
Falando ainda
sobre o espírito de acolhida e tolerância para com os imigrados, que sempre caracterizou
o povo italiano, e se o mesmo espírito está mudando, o Presidente Napolitano disse
que não se pode generalizar. Porém – continuou - devemos nos preocupar pelo difundir-se
de medos desproporcionais e irracionais e também o perpetuar-se de pregações xenófobas:
tudo isso – afirmou o presidente – contribui a determinar graves violações desta tradição
de acolhimento e de solidariedade, e que com o tempo, podem prejudicar o tradicional
espírito de abertura que caracteriza os italianos.
O encontro com o Papa ocorreu
no dia 4 de outubro dia da Festa de São Francisco de Assis, modelo de uma Igreja ao
serviço da dignidade humana, da justiça e da solidariedade, temas que estão em primeiro
plano também na Europa. Falando sobre o quanto o “Velho Continente” é fiel às suas
profundas raízes cristãs o presidente Naopolitano afirmou que “Velho Continente” é
uma expressão, naturalmente, muito comprometedora, porque abraça instituições, povos,
opiniões públicas. “Eu diria, antes de tudo, que essas raízes são muito vivas no projeto
de integração européia, da constituição européia. É talvez o maior projeto de solidariedade
que se tenha realizado em uma parte do mundo. Nasceu como solidariedade no sinal da
reconciliação entre França e Alemanha, no sentido da realização de uma área de paz
no coração da Europa, lá onde se verificaram as faíscas de duas guerras mundiais”.
Citando em fim o Jacques Delors, um dos pais da constituição da Europa unida,
sempre sensível aos valores cristãos, o presidente italiano afirmou que a solidariedade
é um dos pontos principais ao redor do qual se deve construir a Europa unida. “Porém
hoje existem sinais de enfraquecimento – disse ele - que não devem ser menosprezados,
por isso é necessário relançar, na sua totalidade, a grande inspiração da construção
européia, uma inspiração que tem evidentes sinais da tradição cristã”. (SP)