ARGEL ACOLHE COM FESTA NOVO ARCEBISPO, O PRIMEIRO NÃO-FRANCÊS
Argel, 11 out (RV) - A comunidade de Argel acolheu ontem ,com festa, o novo
arcebispo, dom Ghaleb Moussa Abdallah Bader, que substitui dom Henri Tessier, protagonista
do diálogo entre cristãos e muçulmanos que dirigiu a comunidade católica no país norte-africano
por mais de 20 anos.
Dom Bader é o primeiro arcebispo de Argel não francês.
Desta vez, o papa escolheu um jordaniano: “sinal de uma nova era da Igreja na Argélia,
a serviço não só dos católicos de todas as nacionalidades, mas de todo o país” – disse
o arcebispo emérito.
Este é um momento difícil para a Igreja argelina, que
enfrenta há dois anos uma campanha contra a evangelização, promovida pelas autoridades
locais. “Respeito, tolerância e diálogo” são as palavras de ordem para dom Bader:
“Farei o possível para contribuir com a paz e a estabilidade do país e de todos os
cidadãos, sem distinções políticas ou religiosas” – frisou o arcebispo, membro do
clero do patriarcado latino de Jerusalém.
Dom Bader quis lançar uma mensagem
às autoridades: “A evangelização toca um dos direitos fundamentais do ser humano,
a liberdade. Ninguém pode decidir por outro. Cada um é livre de fazer a sua escolha,
seja política, religiosa ou pessoal”.
Também estava presente na missa o ministro
do ambiente e turismo, Cherif Rahmani, ao lado do presidente do Alto Conselho Islâmico,
Cheik Bouamrane e numerosos embaixadores.
Muitos convertidos, especialmente
evangélicos, foram processados no último ano no país, acusados de proselitismo. O
padre católico Pierre Wallez foi condenado em fevereiro por rezar em um lugar não-autorizado.
A lei argelina prevê de 2 a 5 anos de prisão e multas de até 10 mil euros para quem
tentar converter um muçulmano; obriga as pessoas que praticam religiões diversas do
Islamismo a constituírem uma associação de caráter religioso para exercer livremente
seu culto, e a pedir autorização para celebrar cerimônias, que devem sempre ser realizadas
em locais autorizados. (CM)