Cidade do Vaticano, 09 out (RV) - A anunciada encíclica social do Papa Bento
XVI deverá ser publicada até final deste ano. Foi o que disse o presidente do Pontifício
Conselho para os Migrantes e os Itinerantes, cardeal Renato Raffaele Martino durante
a coletiva de imprensa de apresentação da mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial
do Migrante e do Refugiado, 2009, realizada ontem na Sala de Imprensa do Vaticano.
Respondendo à pergunta de um jornalista se existe a possibilidade da publicação
de uma encíclica social de Bento XVI, Dom Martino respondeu: “mais do que uma possibilidade,
isso é uma realidade, um projeto já concretizado e esperamos que o Papa possa publicá-la
antes do fim deste ano”.
Ainda durante a coletiva de imprensa o cardeal Martino
deu seu parecer favorável à construção de mesquitas na Europa. “Os imigrantes que
chegam aos nossos países e contribuem para a manutenção do nosso nível econômico,
têm necessidade de lugares para rezar, e a isso ocorre prover de maneira decente”,
afirmou. “Eu sei que também as igrejas locais estão trabalhando neste sentido”, completou.
“A
igreja – recordou o purpurado – não pode deixar de auspiciar que a dignidade humana
das pessoas seja respeitada, pois todos, residente, refugiado ou imigrante temos os
mesmos direitos, porque todos pertencemos à raça humana. Os direitos – advertiu –
não são uma concessão de nenhuma autoridade”.
“A Europa – observou ainda o
cardeal Martino – está vivendo uma fase de crescimento zero; se os países europeus
desejam manter o seu desenvolvimento eles têm necessidade de braços: porém – advertiu
– atrás dos braços existe uma pessoa, uma família, um todo”. “A Europa – acrescentou
- deve aceitar o todo, e não pode ver os imigrantes como invasores, mas sim como colaboradores”.
“Certamente
– observou – é necessário exigir que os imigrantes aceitem a cultura e as leis do
país aonde chegam. É, porém, importante que exista colaboração cultural, e naturalmente,
se há pessoas de cultura e religião diversas, é necessário prover também às suas exigências”.
Já
Dom Agostino Marchetto, Secretário do Pontifício Conselho para os Migrantes e os Itinerantes
precisou que também é tarefa da Igreja católica “ajudar os irmãos imigrantes a conservar
a dimensão transcendente da vida”: “isto significa – explicou – também respeitar a
sua fé, e dar a eles a possibilidade de manifestar a sua dimensão transcendente”.
Comentando as palavras do cardeal Martino, favoráveis à abertura de novas
mesquitas na Europa no respeito também das suas exigências religiosas, o presidente
dos Intelectuais Muçulmanos da Itália, Ahmad Giampiero Vincenzo, disse que “neste
momento em que se verifica o aumento do racismo na Itália e na Europa, a Igreja demonstra
ter as posições mais avançadas e deveria ser ouvida por todos”.
“De fato –
prossegue – certos lugares de oração na Itália são verdadeiramente indignos, contrariamente
àqueles para os cristãos nos países islâmicos, da Turquia à África, que são apropriados”.
Somente na Arábia Saudita não existem igrejas, destaca Vincenzo, “e isso por
uma antiga tradição islâmica para a qual, na região de Medina e Meca não podem existir
outros templos”. Limitação que se estendeu a todo o território – acrescenta – somente
em tempos recentes. (SP)