2008-10-07 20:25:22

TERCEIRO DIA DE TRABALHOS DO SÍNODO DOS BISPOS É DEDICADO À DIFUSÃO DA BÍBLIA NO MUNDO


Cidade do Vaticano, 07 out (RV) - Hoje, terceiro dia do Sínodo dos Bispos, que tem como tema "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja".

Pela manhã, a XII Assembléia Geral ordinária teve as suas primeiras votações para a eleição dos membros da Comissão para a Mensagem Final. Em seguida, teve início a discussão geral. No intervalo dos trabalhos, Bento XVI recebeu os membros das "United Bible Societies", cujo secretário-geral, o Rev. Miller Milloy, participa do Sínodo como convidado especial.

As Sociedades Bíblicas Unidas presentearam ao pontífice uma versão poliglota das Sagradas Escrituras. E por desejo do Santo Padre será doada uma cópia do volume a todos os participantes da Assembléia, inclusive aos especialistas e aos que tomam parte como ouvintes _ foi o que disse o secretário-geral do Sínodo, Dom Nikola Eterovic.

Os trabalhos da manhã foram densos de reflexões. Entre as principais, a do decano do Colégio cardinalício, Cardeal Angelo Sodano, que ressaltou a numerosa presença dos purpurados no Sínodo: uma bela forma de integração e colaboração entre os dois organismos chamados a ajudar o Pastor universal da Igreja, frisou ele.

Em muitas apresentações o tema principal tem sido o da necessidade de encontrar novos instrumentos para a difusão e a valorização das Sagradas Escrituras. Como fez o arcebispo de Camberra, na Austrália, Dom Mark Coleridge, que sugeriu a formação de um Diretório Geral para as homilias, a fim de que a pregação seja inspirada na experiência universal da Igreja, sem deixar de lado os aspectos peculiares das Igrejas locais.

Por sua vez, o presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, Cardeal Peter Erdö, chamou a atenção para os perigos criados pelas publicações mais sensacionalistas do que científicas, como o apócrifo Evangelho de Judas. Escritos que levam a confundir fontes críveis e não críveis sobre a história de Jesus Cristo _ disse ele.

Por outro lado, o secretário especial do Sínodo e arcebispo de Kinshasa, na República Democrática do Congo, Dom Laurent Mosengwo Pasinya, centralizou seu pronunciamento nos riscos representados pelas seitas. "A doutrina das seitas _ afirmou _ é geralmente baseada numa interpretação fundamentalista das Sagradas Escrituras."

Portanto, é necessário recorrer a critérios interpretativos estáveis, como a adesão à tradição apostólica e a coerência com toda a Escritura. Critérios, concluiu o presidente dos bispos congoleses, que protegem de uma interpretação fundamentalista e subjetiva da Palavra de Deus.

E na parte da tarde de ontem, segunda-feira, os trabalhos registraram a primeira das numerosas novidades introduzidas este ano, ou seja, os cinco relatórios por continente sobre a realidade da Igreja no mundo.

Logo depois tomou a palavra o rabino-chefe de Haifa, Shear-Yashuv Cohen, presente no Sínodo como convidado especial. Tratou-se da primeira vez que um rabino _ um não-cristão _ se dirigiu aos padres sinodais.

É um privilégio e uma honra: assim o rabino Cohen definiu o convite a falar ao Sínodo dos Bispos. Um gesto significativo, disse ele, um sinal de esperança e uma mensagem de paz para as gerações presentes e futuras.

"Vejo no convite _ disse o rabino dirigindo-se aos padres sinodais _ uma declaração do fato que os senhores continuam se referindo a nós como os seus 'Irmãos mais velhos". Em seguida, o expoente judeu se deteve sobre o valor das Sagradas Escrituras, afirmando que "a oração é a língua da alma a nós doada por Deus".

Por fim, o rabino recordou a dor sofrida pelo povo judeu, em particular o Holocausto, chamando a atenção para os riscos de um retorno do anti-semitismo.

Logo em seguida, o Cardeal Albert Vanhoye deteve-se sobre a real possibilidade de diálogo entre judeus e cristãos, em nome de um patrimônio comum:

"O diálogo permanece possível _ disse o purpurado _ porque judeus e cristãos têm um patrimônio comum que os une, e é fortemente desejável, para eliminar progressivamente de um lado e de outro, preconceitos e incompreensões, para favorecer um melhor conhecimento do patrimônio comum e para reforçar as relações recíprocas."

Mas os trabalhos da tarde de ontem foram iniciados com outra novidade, ou seja, os relatórios sobre a realidade da Igreja nos cinco continentes. O fio condutor entre os continentes foi o desafio da evangelização diante de um mundo que muda rapidamente. Como se dá na África, onde o percentual de católicos gira em torno de 14%.

Foram recordadas, em particular, as graves opressões, as limitações à liberdade e as perseguições sofridas pelos cristãos na Ásia, sobretudo na Índia. Por fim, na esteira do discurso pronunciado pelo papa no mês passado ao mundo da cultura, em Paris, a Europa foi chamada em causa a fim de que olhe para o cristianismo como chave de leitura para compreender a si mesma.

Os trabalhos em andamento foram retomados esta tarde com a continuação da discussão geral e, no final, pronunciamentos livres. (RL)







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