La Paz, 07 out (RV) - O diálogo entre o governo federal e os governadores de
oposição sobre as mudanças constitucionais na Bolívia terminou no domingo sem um acordo
e a discussão passará agora ao Congresso, onde deverá ser aprovada ou não a convocação
do referendo sobre a nova Constituição.
A oposição afirmou que o fracasso
das negociações iniciadas há 23 dias "não pode significar a abertura de um ciclo de
confrontos e violência" e pediu "que sejam feitos esforços para se resolver a situação
através da democracia".
Ontem, a Conferência Episcopal Boliviana (CEB) concedeu
uma coletiva aos jornalistas sobre a ruptura do processo de diálogo.
O arcebispo
de La Paz e vice-presidente da CEB, Dom Edmundo Abastoflor Montero, e o bispo de El
Alto e secretário da Conferência, Dom Jesús Juarez Párraga, se referiram principalmente
à participação da Igreja no processo.
Segundo eles, o fato que não tenha sido
assinado um acordo não significa para a Igreja um fracasso, porque puderam ser comprovadas
a boa vontade e a predisposição de ambas as partes ao longo destas duas semanas. Seja
o governo como os prefeitos dos departamentos que reivindicam a autonomia se demonstraram
abertos à negociação.
Enfim, Dom Abastoflor Montero acredita que o clima positivo
e de respeito mútuo são em si um resultado bastante positivo. Em relação ao papel
da Igreja, esclareceu que foi o de observadora, testemunha. Segundo o presidente da
CEB, não foi alcançado um documento conjunto porque ainda há pontos de discordância,
mas isso não significa que não possam ser resolvidos em seguida.
Por sua vez,
Dom Juárez Párraga disse que o processo destes últimos dias foi um momento muito importante
para a democracia e a participação, um referente para o comportamento político e social
futuro; distante de medidas de simples cálculo político, pressões, conflitos.
Há
cerca de três semanas, governo e oposição discutem para chegar a um consenso em relação
às divergências sobre a nova Constituição. As reuniões ocorrem em Cochabamba, centro
da Bolívia, e contam a participação de observadores da ONU, da Organização dos Estados
Americanos (OEA) e da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). (CM)