DOM TOMASI: "GLOBALIZAÇÃO DA JUSTIÇA É A MELHOR GARANTIA DE PAZ"
Genebra, 07 out (RV) - O Observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas
em Genebra, Suíça, Dom Silvano M. Tomasi, fez hoje seu pronunciamento diante do Comitê
Executivo do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
Em
seu discurso, Dom Tomasi comentou a crise financeira mundial, cujas conseqüências
recaem sobre grupos vulneráveis da sociedade. Essas conseqüências, afirmou, evidenciam
concretamente a falta de justiça hoje no mundo.
Além da crise financeira, para
o arcebispo outro desafio que se apresenta à comunidade internacional é a mudança
climática, que provoca escassez de comida e de água, a degradação do meio ambiente
e o aumento dos desastres naturais.
"Somado aos conflitos em algumas regiões,
todos esses fatores resultam em uma intensificação da mobilidade humana forçada e
em uma incerteza quanto à nossa capacidade de garantir a assistência e a proteção
de que necessitam." Todavia, afirmou Dom Tomasi, este momento pode nos recordar que
a responsabilidade comum é realmente o fator determinante para o futuro da "aldeia
global".
O arcebispo recordou que os desastres, quer naturais, quer provocados
pelo homem, expuseram milhões de pessoas a condições de extrema pobreza e de violações
de seus direitos humanos fundamentais. Essas condições as obrigaram a abandonar suas
casas, alimentando a vontade de muitas outras a fazer o mesmo.
Para fazer frente
a esses problemas, são necessários sim medidas políticas, assistência imediata e conhecimento
técnico. Mas não basta, "é necessária uma clara dimensão ética, que deve ser colocada
no centro de debate para formular decisões adequadas", destacou.
O arcebispo
afirmou que a Santa Sé acompanha a atuação do ACNUR por meio de acordos e tratados.
É dever de todos os Estados examinar a realidade local e adaptar os instrumentos jurídicos
à evolução da mobilidade forçada e a suas condições geográficas. No entanto, Dom Tomasi
advertiu para o risco da intolerância por parte dos países que acolhem refugiados.
Risco que deve ser decididamente evitado
Em nosso mundo interconectado, afirmou,
os refugiados e os deslocados nos interpelam por meio de nossa comum humanidade. "A
globalização da justiça e da solidariedade é a melhor garantia de paz e de futuro
comum."
Por fim, Dom Tomasi acrescentou que a mobilidade não é um fenômeno
isolado de outras realidades sociais. É o resultado de decisões políticas e de lacunas
nas ações preventivas.
Uma resposta adequada, concluiu, não é possível sem
coerência nas ações das agências e dos protagonistas envolvidos. Assim como os instrumentos
jurídicos são necessários, do mesmo modo o são a cultura da solidariedade e a eliminação
das causas da mobilidade forçada. (BF)