Conferência da UE em Lisboa: cresce a pobreza infantil na Europa e o fenómeno das
crianças de rua
(7/10/2008) A pobreza infantil está a crescer na Europa, mas as políticas não são
sensíveis ao fenómeno. Palavras do Ministro português do Trabalho e da Solidariedade
Social Vieira da Silva, que participou numa conferência europeia sobre crianças de
rua a decorrer em Lisboa. O ministro reconheceu que a pobreza infantil atingiu
níveis críticos na Europa perante a insensibilidade das políticas europeias. Falando
no Forum Europeu sobre Crianças de Rua, na sede daAssembleia da República, Vieira
da Silva sublinhou que "a dimensão social tem sido menosprezada nas políticas europeias". O
mesmo reconheceu Anthony Simpson, da direcção da Federação Europeia de Crianças de
Rua, estimando que existam entre 150 mil e 200 mil crianças a viverem sem tecto. O
presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, Lino Maia,
destacou que em Portugal os números também não são animadores e sustentou que "o apoio
ao esforço de ajuda da sociedade civil não é ainda suficiente, apesar de ser muito
significativo". Segundo os dados de que dispõe, 70% das intervenções neste campo decorrem
da iniciativa privada solidária, cerca 50% das quais ligadas a instituições da Igreja
Católica. São perto de 16 mil as crianças abrangidas por este tipo de apoios em
instituições que na maior parte das vezes recebem as crianças em regime de internato. Estima-se
que uma em cada cinco crianças portuguesas se encontre em risco de pobreza. Os dados
constam do relatório da Comissão Europeia sobre a protecção social e inclusão, adoptado
em Fevereiro pelos ministros do Emprego da União. Portugal surge no grupo dos oito
países da União com os níveis mais elevados de pobreza na infância, apenas ultrapassado
pela Polónia.