SECRETÁRIO-GERAL DO SÍNODO ESPERA QUE ASSEMBLÉIA PROVOQUE UMA NOVA PRIMAVERA NA IGREJA
Cidade do Vaticano, 06 out (RV) - Logo após a meditação de Bento XVI, teve
início a 1ª Congregação Geral da assembléia sinodal, introduzida pela saudação de
um dos presidentes-delegados, o Cardeal William Joseph Levada, prefeito da Congregação
para a Doutrina da Fé, seguido do secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Dom Nikola
Eterović. Dom Eterović fez uma espécie de balanço das atividades da Secretaria,
dividido em cinco partes: reflexões preliminares sobre a Palavra de Deus; atividades
realizadas entre a XI e XII Assembléia Geral Ordinária; preparação da XII Assembléia
Geral Ordinária; atividade da Secretaria-geral; e conclusão. O arcebispo introduziu
suas palavras com as mesmas usadas pelo apóstolo São Paulo, por volta do ano 58, aos
cristãos de Roma: "A todos os amados de Deus, chamados santos, que estais em Roma,
a graça e a paz estejam convosco, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo." Acerca
do tema desta assembléia sinodal _ "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja"
_ Dom Nikola Eterović recordou as palavras do prólogo do Evangelho de João: "No princípio
era o Verbo e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus." O Arcebispo enumerou
as atividades entre a XI e XII Assembléia Geral Ordinária, recordando o tema da XI
Assembléia, realizada de 2 a 23 de outubro de 2005 _ "A Eucaristia: fonte e ápice
da vida e da missão da Igreja". O secretário-geral do Sínodo fez um amplo histórico
da preparação para esta assembléia que hoje se inicia, agradecendo as contribuições
recebidas dos episcopados de todo o mundo, para a elaboração do Instrumentumn laboris. Concluindo,
Dom Eterović disse que esta assembléia sinodal deveria ajudar a redescobrir a Palavra
de Deus, em seu aspecto cristológico e pneumatológico e, portanto, a favorecer uma
renovação da Igreja, uma nova primavera que, na escuta de cada palavra proveniente
da boca de Deus, sinta-se continuamente jovem e dinâmica. "A Igreja deve sempre
renovar-se e rejuvenescer-se e a Palavra de Deus, que não envelhece jamais e jamais
se extinguirá, é o meio privilegiado para alcançar tal objetivo" _ sublinhou o arcebispo. A
seguir, foi a vez do pronunciamento do relator-geral, o cardeal-arcebispo de Québec,
Marc Ouellet. Nas palavras dedicadas ao diálogo da Igreja com o "Deus que fala",
o cardeal canadense ressaltou a tradição da Lectio divina, praxe da contemplação
gloriosa da Sagrada Escritura. A esse propósito, disse esperar que o Sínodo encoraje
a busca de estratégias novas, simples e atraentes, para desenvolver o gosto pela leitura
divina, assim como pela prática continua, comunitária e pessoal da Palavra de Deus. O
Cardeal Ouellet abordou uma questão importante no diálogo com as nações e as religiões:
"Entre os interlocutores dos diversos diálogos entre a Igreja e as nações _ disse
_ o povo hebraico ocupa um lugar particular, pois é o herdeiro da primeira Aliança,
com o qual compartilhamos as Sagradas Escrituras. E essa herança comum nos convida
à esperança." "O Judaísmo e o Islamismo, ou seja, as duas religiões que, como o
Cristianismo, descendem do mesmo pai _ Abraão _ são aliados da Igreja Católica, na
luta contra a secularização e o liberalismo e pelo reconhecimento do papel público
da fé." Enfim, no que concerne à Palavra de Deus como serviço ao homem, o cardeal-arcebispo
de Québec afirmou que a atividade missionária da Igreja encontra suas raízes na missão
de Cristo e do Espírito que releva e difunde a comunhão trinitária em todas as culturas
do mundo. "A dimensão salvífica universal do mistério pascal de Cristo requer
o anúncio da Boa Nova a todas as nações e também a todas as religiões" _ concluiu.
Esta tarde após a 2ª Congregação Geral, com a presença de Bento XVI, foram apresentados
os relatórios das Igrejas, reunidas por continentes. No curso desta 2ª Congregação
Geral, o Rabino-chefe de Haifa _ Shear-Yashuv Cohen _ tomou a palavra. Foi o primeiro
não-cristão a falar num Sínodo de bispos católicos. Ele descende de 18 gerações
de rabinos e estudantes da Sagrada Escritura judaica _ Torah (os primeiros cinco livros
da Bíblia). É capaz de recitá-la de cor, desde os oito anos de idade. (AF/SP/CM))