2008-10-01 10:44:54

O dever de proteger não seja pretexto para expansões e agressões;está em causa a credibilidade das Nações Unidas


(1/10/2008) O conceito de protecção das populações foi usado demasiadas vezes como um pretexto para expansões e agressões e as Nações Unidas devem vigiar para que isto não se verifique: está em causa a sua credibilidade.
Foi o que afirmou o representante da Santa Sé , D. Celestino Migliore falando perante a 63 assembleia da ONU.
Enumerando as principais crises enfrentadas no ultimo ano pela organização e o seu papel de caixa de ressonância de respostas coerentes e partilhadas, o arcebispo Celestino Migliore observou que demasiadas vezes as crises internacionais foram devidas a respostas atrasadas, falências ou á relutância da parte dos lideres de assumir as suas responsabilidade de proteger as suas populações.
Recordando o discurso de Bento XVI à Assembleia geral das Nações Unidas no mês de Abril passado, o prelado disse que «a responsabilidade de oferecer protecção serviu e deve continuar a servir como princípio compartilhado por todas as nações para o governo das suas populações e para regulamentar as relações entre os povos».
Estes pronunciamentos, declarou, «confirmam que o bom governo não deveria ser avaliado simplesmente no contexto de ‘Estado de direito’ ou de ‘soberania’, mas sim pela capacidade dos seus líderes de cuidar daqueles que lhes foram confiados com a grave responsabilidade de guiá-los moralmente».
«Apesar do crescente consenso sobre a responsabilidade de oferecer protecção como meio para uma maior cooperação, este princípio continua a ser invocado como pretexto para utilizar arbitrariamente a força militar», denunciou.
«Esta distorção continua com métodos e ideias que fracassaram no passado. O uso da violência para resolver as divergências é sempre um fracasso de visão e um fracasso de humanidade. A responsabilidade de oferecer protecção não deverá ser concebida simplesmente em termos de intervenção militar, mas antes de mais como a necessidade para a comunidade internacional de unir-se para enfrentar as crises, buscando meios para conseguir limpas e abertas negociações, para apoiar a força moral da lei e buscar o bem comum».
«A falta de acção comum para proteger as populações em risco e para prevenir intervenções militares arbitrárias debilitaria a autoridade moral e prática» das Nações Unidas, advertiu.
«A Organização das Nações Unidas não foi criada para ser um governo global, mas sim o produto da vontade política dos seus diferentes Estados membros», explicou.
«As crianças órfãs por causa do HIV, os jovens vendidos ou reduzidos à escravidão, os que acordam cada manhã sem saber se hoje serão perseguidos pela sua fé ou pela cor da sua pele continuam a pedir uma instituição e líderes que acompanhem as palavras com acções, compromissos e resultados», assegurou o arcebispo Celestino Migliore.
«Estas vozes, frequentemente ignoradas, devem ser escutadas para que possamos superar as divisões políticas, geográficas e históricas e criar uma organização que seja o reflexo das nossas melhores intenções e não dos nossos fracassos», concluiu.








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