CRISTÃOS IRAQUIANOS PROTESTAM CONTRA CANCELAMENTO DE LEI
Bagdá, 1º out (RV) - A Santa Sé protesta e os cristãos iraquianos se dizem
revoltados contra a decisão tomada na semana passada pelo Parlamento de Bagdá de cancelar
o art. 50 da lei eleitoral sobre conselhos provinciais, artigo que garantia à minoria
católico-caldéia 13 cadeiras.
Em uníssono, o Patriarca dos Caldeus, o cardeal
Emmanuel III Delly e o procurador caldeu junto à Santa Sé, mons. Philip Najim, não
hesitam a falar de “uma grave injustiça”. E enquanto os sites católicos, inclusive
o SIR, o Serviço de Informações Religiosas do Episcopado italiano, relançando as suas
declarações, ontem em Mosul saiu às ruas a minoria cristã. A questão, pedem, deve
ser enfrentada imediatamente pelo primeiro-ministro Nuri Al Maliki.
As províncias
iraquianas, de fato, vão às urnas no próximo dia 31 de janeiro escolhendo os candidatos
com a nova Iraqi Election Provincial Law, uma norma do artigo modificado, que anteriormente
previa a designação à comunidade cristã de 13 cadeiras para garantir representatividade
à minoria religiosa. Mas agora com o cancelamento por parte do Parlamento do artigo,
não existem mais as 13 cadeiras para as minorias religiosas.
O Patriarca caldeu
de Bagdá escreveu seu protesto ao premier: “Sentimo-nos iguais a todos os demais componentes
do país, sem alguma discriminação, mas foi grande o golpe que recebemos”. Assim falou
Delly, precisamente o prelado que Bento XVI quis fazer cardeal no último consistório,
como sinal de atenção para com o sofrimento da martirizada e perseguida comunidade
cristã iraquiana, obrigada cada vez mais a emigrar.
“Uma semelhante decisão
– destaca Dom Louis Sako, arcebispo de Kirkuk, que também escreveu para o Parlamento
e para o representante das Nações Unidas no Iraque – levará outros cristãos a deixarem
o país e o Iraque perderá pessoas instruídas, capazes e leais que podem dar muito
para a construção da Nação”. Dom Sako recorda em seguida que a “Carta das Nações Unidas”,
assinada pelo governo do Iraque, prevê o respeito das minorias”.
Da Cidade
do Vaticano, intervém também o procurador caldeu junto à Santa Sé, mons. Philip Najim,
entrevistado pelo site Baghdadhope, o qual fala de “decisão tomada sem pensar” e que
deve ser “revista porque o povo iraquiano deve ser representado politicamente no seu
total”.
O premier Al Maliki, durante o seu encontro com o Papa no último dia
25 de julho, no Vaticano, havia prometido defender a minoria cristã do país e havia
convidado o próprio Pontífice a visitar o Iraque, quando o país fosse definitivamente
pacificado. (SP)