Roma, 1º out (RV) – O Secretário de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone, fez um
pronunciamento, ontem à tarde (30), em Roma, no Encontro sobre “O século das crenças»,
por ocasião da apresentação do último número da revista trimestral Aspenia, de política
internacional do “Aspen Institute” da Itália.
Em seu discurso, o Cardeal Bertone
afirmou que “a política tem necessidade do cristianismo diante dos desafios da globalização,
pois ele sintetiza em si mesmo a razão, a fé e a vida, encarnando assim um forte anseio
universal”.
Em relação ao binômio política e religião na era global, o Cardeal
disse que nos diversos trabalhos publicados pela revista Aspenia, constatou “certa
convergência sobre o fato de que, na era da globalização, a política e o mercado não
são tudo, mas um meio e não um fim”.
O Secretário de Estado ressaltou textualmente:
“Nunca concordei com quem afirma que a política é inútil, porque promete construir
pontes inclusive por onde o rio não passa. Pelo contrário, estou ciente de que a política
é necessária, mas creio que, para comunicar valores autênticos, deve respeitar a ‘ponte’
que une cada um destes valores a Deus. Onde se busca apenas o projeto pessoal, quase
o identificando com o bem, acaba por anular o próprio proveito”.
“Existe certamente
uma ‘ética leiga’, como se diz freqüentemente, ou seja, não inspirada pela transcendência.
Esta merece atenção e respeito, e com freqüência contribui para o bem comum; contudo,
se não for inspirada na transcendência, corre o risco de acabar exposta cada vez mais
às fragilidades humanas e à dúvida”, disse ainda o Cardeal Bertone.
“Para administrar
a globalização, a política não precisa apenas de uma ética inspirada na religião,
mas que essa religião seja racional. Eis o motivo pelo qual a política precisa do
cristianismo. A força que transformou o cristianismo em religião mundial consiste
exatamente na sua síntese entre razão, fé e vida”, concluiu. (MT)