Macau, 29 set (RV) - Realizou-se de 24 a 28 de setembro, em Macau, o VIII Encontro
das Presidências Episcopais das Igrejas lusófonas.
Participaram do encontro
12 prelados. Do Brasil estavam presentes o arcebispo de Manaus e vice-presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Luiz Soares Vieira, e o bispo
de Paranaguá e responsável pela Pastoral Afro-brasileira da CNBB, Dom João Alves dos
Santos.
O encontro constituiu um espaço de compartilha sobre a realidade das
Igrejas de cada país, na atual situação socioeconômica e política.
Na conclusão
do encontro, foi divulgado um documento, dos quais destacamos alguns pontos.
A
migração repentina de pessoas para as grandes cidades _ destaca o documento _ faz
aumentar a pobreza e o desrespeito pelos direitos humanos, favorece a corrupção e
a economia informal, dificulta a organização das comunidades cristãs e é terreno fértil
para novos grupos religiosos, que usam a prosperidade como teologia, e seduzem a população,
ansiosa por bem-estar e com uma frágil cultura religiosa.
As Igrejas e seus
pastores continuam a seguir com dolorosa atenção, o drama demasiado freqüente do tráfico
de pessoas, sobretudo crianças e mulheres, promovido por influentes grupos internacionais.
Reconhecem o trabalho realizado por várias instituições, tanto na denúncia, quanto
na resposta preventiva e também no acolhimento às vítimas.
O documento dos
bispos lusófonos destaca ainda, que se sente, por diversos indícios, e se enfrenta
em vários locais, um movimento que tende a reduzir a influência da Igreja na sociedade.
Existe, de fato, uma diferente concepção acerca da vida humana, da vivência
da afetividade, do papel da estabilidade familiar e da educação a valores abertos
à transcendência. Paradoxalmente, porém, começa a evidenciar-se o papel da religião
e das comunidades cristãs no processo de uma feliz convivência social, baseada na
paz e na justiça, no respeito pela vida e na educação sexual determinada por sentimentos
sadios.
Os bispos presentes congratulam-se com o aumento de vagas para estudantes
africanos abertas em Universidades do Brasil, Portugal e outros países. E pedem que
se criem condições de dignidade humana _ moradia e alimentação _ para esse momento
de formação, etapa fundamental para o desenvolvimento das comunidades de origem, para
as quais é importante regressar. Ficou clara, no encontro, a necessidade de viabilizar
o acompanhamento espiritual e religioso dos estudantes. (SP)