Globalização e pastoral social discutidas em Macau no VIII Encontro das Conferências
Episcopais das Igrejas Lusófonas
(26/9/2008) Depois de uma primeira parte destinada à partilha de informação e de
intercâmbio de experiências pastorais, os trabalhos do VIII Encontro das Conferências
Episcopais das Igrejas Lusófonas, em Macau, prosseguiram com uma conferência subordinada
ao tema “A globalização e a sua incidência na Pastoral Social”. O tema foi desenvolvido
pelos Bispos representantes da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Carlos Azevedo
e D. Jorge Ortiga, com uma grande abertura para abordagem a novos caminhos que a Igreja
terá de percorrer na sua forma de evangelizar no século XXI. No conjunto das reflexões
apresentadas, foi referido que “a globalização representa uma nova ordem internacional
e uma cara bondosa do mercado”, “uma mudança de paradigma civilizacional com imensos
riscos, por um lado, mas também, por outro, cheio de oportunidades que importa conhecer
para, sobretudo do ponto de vista comunicacional e tecnológico, podermos anunciar
a Boa Nova do Reino a mais gente e de modo mais eficaz”. “A progressiva substituição
de uma cultura local por uma cultura global representa indiscutivelmente um factor
de perda de ‘identidade’. De uma forma que começou por ser velada mas que se vai tornando
cada vez mais descarada e agressiva, vão-se apregoando princípios e impondo novos
pseudo - valores que atentam contra a dimensão ética”. Para os participantes,
“sob o pretexto da urgência em aderir à modernidade, vai - se construindo um modelo
único de marca global”. “É particularmente grave a forma como se idolatra o capital
à custa do trabalhador. Propaga-se que o mercado corrigirá as desigualdades, mas o
resultado começa a chegar através de pesadíssimas facturas de desemprego e pobreza”,
alerta-se. Apesar destas observações, não deixou se de indicar que “também se
rasgam horizontes de esperança com a abertura de possibilidades de intercâmbio e trabalho
em rede que permitem a criação de uma nova consciência dos valores da ecologia e do
respeito pelo direito à diversidade e à diferença”. “A Igreja, que é por natureza
Católica e Universal, antecipou de algum modo a globalização e terá de ser capaz de,
através da mensagem cristã continuar a lutar por um mundo na base de uma matriz humanista,
levando a sério a palavra de S. Paulo ao afirmar que «a fé opera pelo amor»”, foi
ainda dito. Para os Bispos lusófonos, na sua acção pastoral, a Igreja que vive
e convive num mundo global, “deverá bater-se pelos valores da paz, da justiça e solidariedade
entre os povos, pela defesa da dignidade e defesa da vida da pessoa humana (da concepção
até à morte) e pelas grandes causas que se colocam em torno da família”. “A Igreja,
na vivência da sua universalidade, deve saber mostrar com obras que a experiência
eclesial não se delega, mas é vivida por cada crente e cada comunidade cristã e deverá
constituir uma partilha em comunhão da Vida que a Igreja tem e se multiplica em solidariedade
para com todos, sobretudo os mais pobres e marginalizados por um liberalismo cada
vez mais selvagem”, refere o comunicado. Os participantes observam ainda que a
Igreja “não deve ter medo de afirmar a ‘confessionalidade’ das suas propostas, ao
mesmo tempo que valoriza e pratica a proximidade e o voluntariado em gratuitidade
como marcas da sua identidade”. “Deve ser dada preferência na acção pastoral à
evangelização, pois a evangelização conduzirá à conversão dos corações e só com corações
convertidos se tornará possível ir mudando o mundo através de um progresso social
de rosto humano e do anúncio da reconciliação como o segredo para a paz e a unidade
da Família Humana”, conclui-se. (Ecclesia)