CARDEAL CIPRIANI THORNE: NÃO CABE À COMUNIDADE ECLESIAL RESOLVER QUESTÕES TÉCNICAS
OU POLÍTICAS
Lima, 25 set (RV) - "Toda vez que a Igreja é interpelada a se pronunciar sobre
matérias em que está em jogo é a vida humana, ela responde em favor da vida": foi
o que disse o cardeal-arcebispo de Lima, Peru, Juan Luis Cipriani Thorne, respondendo
às perguntas dos jornalistas que pediam ao purpurado esclarecimentos sobre pronunciamentos
que comumente fazem tanto os bispos quanto os sacerdotes peruanos, em particular,
em tema de conflito social.
"Quando os problemas que são submetidos à Igreja
têm nuanças políticas ou técnicas, a nossa única resposta possível é a de nos esforçarmos
para facilitar o diálogo, sem entrar em nenhum tipo de mediação" _ ressaltou o cardeal-arcebispo
de Lima.
Ninguém pode esperar dos pastores "que sejam capazes de resolver tudo"
ou que a própria Igreja "se torne uma enciclopédia. Isso a faria perder a credibilidade"
_ frisou o Cardeal Cipriani.
Recordando que não cabe à comunidade eclesial
resolver questões técnicas ou políticas, o cardeal-arcebispo da capital peruana ressaltou
a importância de "facilitar sempre todo tipo de encontro e de diálogo" para encorajar
as partes em conflito a encontrar os consensos necessários e adequados.
"A
Igreja não é especialista em matérias como finanças, tarifas ou salários. A Igreja
pensa no bem comum e, muitas vezes, dado que as partes em conflito são sujeitos que
se reconhecem no catolicismo, ela sente o dever de fazer-se próxima a eles."
Além
disso, como recordado pelo purpurado durante o encontro com a imprensa, a Igreja "é
a instituição que goza de maior credibilidade e apoio da opinião pública".
Para
o Cardeal Cipriani Thorne, as outras instituições gozam de menor estima por parte
da opinião pública, porque as pessoas percebem que elas estão "buscando vantagens
políticas, empresariais ou legislativas. Então, em lugar da confiança entra a desconfiança,
porque por trás das belas palavras se revela um fim oculto".
Por fim, recordando
que o Peru atravessa um período difícil, "agitado e conturbado", o cardeal-arcebispo
de Lima ressaltou que não é por acaso que depois da Igreja Católica, a segunda instituição
que mais goza de credibilidade seja a radiofonia. "Por quê? Porque facilita o diálogo
e a conversação amável, duas coisas de que precisamos muito" _ arrematou. (RL)