Cimeira da ONU dedicada á África pede cumprimento das promessas de assistência ao
desenvolvimento da África Subsariana
(23/9/2008) A ONU exortou a comunidade internacional a cumprir as promessas de assistência
ao desenvolvimento da África Subsariana, evitando que seja a única região do mundo
onde fiquem por cumprir em 2015 todos os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.
Mais de 34 chefes de Estado e 11 chefes de Governo assistiram à cimeira realizada
esta segunda feira na Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque, com a qual a organização
multilateral quis chamar a atenção para o grave panorama que enfrenta o continente
africano. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, recordou na sua intervenção
perante as delegações de quase 200 países que nenhum país africano alcançará os oito
objectivos na meta de 2015 estabelecida há oito anos na Declaração do Milénio. Apelou
para os países mais ricos cumprirem as promessas efectuadas pelo G8 (oito países mais
industrializados) em 2005 de duplicar a ajuda ao desenvolvimento destinada a África.
Ban assinalou que o grupo de trabalho para África da ONU determinou que ajudar
este continente a alcançar aqueles objectivos custará uma média anual de 72.000 milhões
de dólares, uma verba «que pode desencorajar mas que é exequível e se circunscreve
aos actuais compromissos de cooperação». Recordou que os países da Organização
para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) gastaram o ano passado 267 mil milhões
de dólares em subsídios agrícolas. «Nesse contexto, o custo de resolver a crise
alimentar, enfrentar o aquecimento global e tirar milhões de pessoas da extrema pobreza
em África é um preço muito bom», vincou Ban. O secretário-geral das Nações Unidas
tem como uma das suas prioridades evitar que África fique mais isolada no caminho
para o desenvolvimento, particularmente face aos significativos avanços da Ásia na
erradicação da pobreza. As débeis economias africanas foram particularmente afectadas
pelo aumento do preço dos alimentos e dos combustíveis, isto quando nos últimos anos
diminuiu a ajuda internacional. Os países mais ricos reafirmaram nas suas intervenções
o seu compromisso de cumprir as obrigações em matéria de desenvolvimento. O presidente
francês, Nicolas Sarkozy, cujo país preside actualmente à EU, reiterou o compromisso
dos 27 países da União Europeia (UE) de aumentar a ajuda ao desenvolvimento para 0,7
por cento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2015. Por seu lado, o novo presidente
da Assembleia-Geral, o nicaraguense Miguel D'Escoto, criticou «as condições injustas»
impostas por instituições financeiras multilaterais como o Fundo Monetário Internacional
e o Banco Mundial às economias africanas e a «espoliação» das riquezas naturais desse
continente. A assessora da organização humanitária Oxfam Internacional, Lamine
Ndiaye, considerou que o primeiro resultado desta cimeira devia ser o cumprimento
pelos países desenvolvidos das obrigações já assumidas.